Tenho falado aqui na minha cruzada para desplastificar e reduzir o desperdício.
Nos últimos dias, reparo, com muito agrado, que as notícias e as redes sociais têm visado o excesso de plástico no planeta.
Hoje quando fui à padaria, levei o meu saco do pão. Em tecido, claro!
Fui atendida por uma menina muito jovem, que lá está há pouco tempo e que, as poucas vezes que me atendeu, vendeu o pão num saco de plástico ou de papel porque eu, vinda directamente do trabalho, me tinha esquecido de colocar o taleigo no carro).
Quando lhe pedi o pão, agarrou de imediato num saco de plástico para me servir.
Nem reparou que lhe estava a dar o meu.
Tive que abrir o saco e dizer-lhe que não queria o plástico.
Ela, muito espantada, respondeu:
- Ah, ainda é à moda antiga...
Será que sou? Ou ela é que ainda não percebeu como estão os tempos modernos?
Há dias, em que algumas colegas minhas se queixam 7 horas seguidas.
É o tempo que está frio.
É a sala que está quente.
É o excesso de trabalho.
É termos que estar fechados no gabinete, com chuva. Ora se estávamos bem em casa.
É termos de estar fechados no gabinete com sol. Ora se estávamos bem na praia.
É o dinheiro que não chega.
É a cabeça que dói.
O cabelo que tem que ser pintado.
O tempo que não dá para nada.
Agora parece que vem aí o calor.
E as minhas colegas queixam-se agora do meu sofrimento futuro, a usar estas meias de compressão até às virilhas, pelo que sandálias e vestidinhos vão estar interditos.
....
E de mim, nunca ouvem uma queixa. E, se me lamento, é com humor e muita ironia, para sacudir o que me incomoda.
Eu sei que estou deslocada deste mundo.
Eu vim de um planeta onde trabalhava com quem nada tinha, com doenças terminais, com problemas mentais, lutos, toxicodependência...com o vazio da vida.
Apesar de nunca ter gostado de me queixar, aprendi a relativizar as minhas dores, dificuldades e contratempos.