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A 3ª face

Ter | 12.06.18

À moda antiga?

 

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créditos da foto

 

Tenho falado aqui na minha cruzada para desplastificar e reduzir o desperdício.

Nos últimos dias, reparo, com muito agrado, que as notícias e as redes sociais têm visado o excesso de plástico no planeta.

 

Hoje quando fui à padaria, levei o meu saco do pão. Em tecido, claro!

Fui atendida por uma menina muito jovem, que lá está há pouco tempo e que, as poucas vezes que me atendeu, vendeu o pão num saco de plástico ou de papel porque eu, vinda directamente do trabalho, me tinha esquecido de colocar o taleigo no carro).

 

Quando lhe pedi o pão, agarrou de imediato num saco de plástico para me servir.

Nem reparou que lhe estava a dar o meu.

Tive que abrir o saco e dizer-lhe que não queria o plástico.

Ela, muito espantada, respondeu:

- Ah, ainda é à moda antiga...

 

Será que sou? Ou ela é que ainda não percebeu como estão os tempos modernos?

 

Ter | 12.06.18

Mas tu nunca te queixas?

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Há dias, em que algumas colegas minhas se queixam 7 horas seguidas.

É o tempo que está frio.

É a sala que está quente.

É o excesso de trabalho.

É termos que estar fechados no gabinete, com chuva. Ora se estávamos bem em casa.

É termos de estar fechados no gabinete com sol. Ora se estávamos bem na praia.

É o dinheiro que não chega.

É a cabeça que dói. 

O cabelo que tem que ser pintado.

O tempo que não dá para nada.

 

Agora parece que vem aí o calor.

E as minhas colegas queixam-se agora do meu sofrimento futuro, a usar estas meias de compressão até às virilhas, pelo que sandálias e vestidinhos vão estar interditos.

....

E de mim, nunca ouvem uma queixa. E, se me lamento, é com humor e muita ironia, para sacudir o que me incomoda.

Eu sei que estou deslocada deste mundo. 

Eu vim de um planeta onde trabalhava com quem nada tinha, com doenças terminais, com problemas mentais, lutos,  toxicodependência...com o vazio da vida.

 

Apesar de nunca ter gostado de me queixar, aprendi a relativizar as  minhas dores, dificuldades e contratempos.

E, de facto nunca me queixo.

E nem me apercebo disso.