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A 3ª face

Qua | 08.08.18

Outono em Agosto

No Alentejo, o calor vai dando tréguas. O crepúsculo liberta uma brisa agradável, que me convidou a uma caminhada solitária.

Gosto de caminhar sozinha. 

Os passos silenciosos ajudam-me a arrumar as ideias, a libertar preocupações, a encontrar-me no caminho.

As minhas caminhadas solitárias levam-me invariavelmente a um ponto alto da cidade, onde contemplo a beleza do sítio onde vivo.

Lá em baixo está tudo verde, tudo calmo.

O sol despede-se em tons rubros, fazendo-me agradecer esta paz.

Eu sei que lá mais a sul está o Inferno e que lá, a cortina de fumo tapou demasiado cedo este mesmo Sol.

Mas eu não quero pensar em Monchique. Por razões pessoais, eu não quero que o pôr do Sol me leve lá. 

Continuo a caminhada.

O Verão entardeceu e já é Outono.

Pelo menos é o que as folhas secas que cobrem o chão me sussurram.

Ou foi do calor extremo que as secou demasiado cedo ou é da tristeza, por vislumbrarem, lá de cima, a agonia do Algarve.

 

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Qua | 08.08.18

Da próxima vez que pedir um gelado de baunilha, pense nisto...

É só mais um exemplo daquilo que consumimos sem fazer ideia do que está por detrás.

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No final do ano passado, uma forte tempestade tropical e  os problemas políticos em Madagáscar (país responsável por 80% da produção mundial de baunilha) resultaram numa quebra da produção desta matéria-prima, que veio desequilibrar o mercado deste produto a nível mundial. Face à escassez, os preços dispararam desmesuradamente.

Hoje, ao ver a RTP3, tive a noção de que um maravilhoso gelado de baunilha pode esconder várias mortes.

É que, no Uganda, os ladrões estão a invadir as fazendas para roubar baunilha, resultando em graves conflitos e cenas de violência que já causaram mais de 100 mortes.

O próprio sistema de comercialização, em que o comprador adianta o dinheiro antes da colheita, tem contribuído para este cenário de mortes, quando o produtor não consegue entregar a quantidade de produto combinada.

 

É nestes momentos que me sinto tão, mas tão ignorante neste mundo!

 

Podem ver a reportagem aqui, a partir do minuto 7.07.

 

 

 

 

 

Qua | 08.08.18

Caderneta de praia #3: cromos de dia e de noite

 

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Se já sabem quem somos e onde passámos as férias, devem estar curiosos para saber do pouco que fizemos.

Para além de praiar e descansar...pouco mais.

Ah, por falar em açúcar e sal, falemos de

 

O que comemos

 

Não foi à toa que eu levei o carro a abarrotar!

Fizemos quase todas as refeições em casa, com produtos que levei da horta e outros que comprámos no Pingo Doce de Armação.

Usei e abusei do meu grelhador, conforme vos contei no post "Como eu poupo nas férias".

A ementa foi bastante saudável, à base de grelhados, saladas, sopa e ovos.

E muitos vegetais, já que a filha friorenta é vegana a 98%.

Coitada da sogra, que se aventurou a provar e teve vergonha de dizer que não gostava lá muito da comidinha da neta.

Ela é mais carne, desculpava-se...

 

Não fossem as malditas batatas fritas e tinha sido a semana mais saudável da minha vida!

Vá, mais metade de uma bola de Berlim... e o restinho de 2 gelados que os meus filhos não conseguiram comer...e o pastel de batata doce do Rogil, no regresso (ups, afinal não me portei assim tão bem)

Como a casa tinha espaço exterior, fazíamos as refeições ao ar livre.

Querem sugestões de refeições rápidas para as férias?

-bacalhau assado com salada e batata cozida com pele;

- salada de atum, feijão frade, tomate e ovo;

- sopa e camarão cozido;

- bifes grelhados com esparguete integral e salada com vegetais e fruta;

- grelhada mista com arroz e ananás e cogumelos grelhados;

- salada russa;

- noodles com salteado de legumes;

- arroz com feijão preto, cogumelos, sementes de cânhamo e pimentos;

- o famoso prato conhecido no círculo gourmet por Redon (em alentejano: restos de ontem)

 

Porém, eu não consigo estar próximo de Armação sem ir ao Cantinho da Dora petiscar os camarões "al guilo" e a tosta de camarão XXL, a melhor do planeta!

É um sítio barato, com uns bons petiscos, mesmo em frente ao parque de estacionamento.

Parece que os caracóis também são uma das especialidades da casa mas eu, que costumo comer os melhores caracóis do universo, ainda não me atrevi a provar).

Tirando o almoço no dia de regresso, foi a nossa única refeição fora.

Se lá forem, não confundam o número da mesa com o valor da conta. É que na hora de pagar, o empregado escreve o número da mesa na toalha e pede que vão ao balcão pagar, identificando a mesa.

Por graça, o meu marido disse à mãe que o jantar tinha custado 210 € (era a mesa 21) e só na viagem de regresso de férias é que ela percebeu (a muito custo) que tinha sido enganada.

 

Foto de Sergio Gomes.

Foto retirada do Facebook

 

Dias para todos os gostos

 

Apesar da água estar gelada, aproveitei os dias para agitar a minha cauda de sereia formosa. E boiar ao sabor das ondas, que é das coisas mais relaxantes que conheço!

Li como uma perdida, coisa que não fazia desde o verão passado. Levei apenas um livro, a pensar que chegava - O Amante Japonês- mas acabei por terminá-lo ao segundo dia e fui roubar "À Boleia pela Galáxia" ao quarto dos meus  filhos. Um livro (aparentemente) leve e muito bem humorado, não tivesse sido escrito por Douglas Adams, argumentista da famosa série Monty Python's.

 

A sogra dormiu na toalha que se desalmou. E todos os dias dividia uma bola de Berlim com a intrusa da gaivota.

Comia com tanta satisfação que não tive coragem de lhe falar sobre os quilos de colesterol escondidos em cada bolinha...

 

A filha friorenta bem tentava mergulhar na água fria mas desistia e ia ler.

 

O marido aventureiro fazia piscinas entre a praia e a casa para ir acompanhando a Volta a Portugal na televisão. E foi matar saudades de alguns antigos colegas de trabalho.

 

O filho morcego dormia durante o dia. Vagueava de noite para me atormentar, queixando-se que não conseguia dormir.

Praia? A grave doença psicossomática, de que se curou no dia do regresso, impedia-o de se aproximar da areia.

Tudo tranquilo. Estávamos logo ali, cada qual geria o seu tempo sem depender dos outros. 

Férias de sonho são assim!

 

O Sunset

 

Depois do jantar, na nossa esplanada privativa, víamos o pôr do sol e desfrutávamos do café tirado na máquina que levei.

Caso contrário, seriam, no mínimo 6 cafés diários no bar do lado, a 1,10 € cada um.

(É a prova de que as minhas estratégias de poupança compensam: poupei mais de 30 € por ter levado a máquina comigo)

Tínhamos música ao vivo que animava o sunset e o serão. 

Na verdade, a música era do bar vizinho  mas isto não é considerado furto, pois não?

E, logo na primeira noite, assistimos ao eclipse.

Fotografei-o mas de uma croma como eu não se poderia esperar grande foto.

Saiu isto. Acho que em vez da Lua, ficou o reflexo do meu cérebro...ou do intestino grosso...

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Juro que a foto não está editada e tenho esperança que algum fotógrafo me explique que raio se passou aqui!

 

 Algarve by night

Apenas uma voltinha a Armação e outra ao Carvoeiro cortaram a tranquilidade dos nossos serões.

Com o filho morcego a ir sob protesto, sem resistir ao apelo de um bom gelado.

De resto, ficámos pela Srª da Rocha. Íamos até à capela, extasiados com a paisagem nocturna salpicada pelas luzes intermitentes dos barcos de pesca. 

Ou ficávamos a ver as estrelas e a ouvir o barulho do mar. 

Tudo à volta era silêncio. 

Este é o melhor Algarve by night que conheço.

 

 

Mas férias, mesmo com o objectivo de descansar, não ficam completas se eu não voltar mais rica.

Rica como pessoa, não pensem que ando a roubar turistas ingleses.

E, sem estar previsto, descobri um lugar maravilhoso que desconhecia.

Esse capítulo fica para amanhã.

Entretanto, para quem está em Armação, vão lá comer um pratinho de camarão "al guilo" à da Dora!

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