As minhas férias no Algarve poderiam ter um título:
Os Cinco na Praia
Mas estes costumavam andar em bando e não foi bem o que aconteceu.
Talvez por isto, foram as melhores férias na praia de que tenho memória.
Como prometido, vou contar-vos tudo em vários posts.
Começo hoje por vos apresentar os cromos desta caderneta da família-maravilha:
A SOGRA
A sogra adora praia.
Só não gosta de água fria pelo que, a única vez que molhou os pés, queimou-os e tivemos que ir à farmácia comprar Biafine.
Ela jura a pés juntos que foi da água fria.
Eu desconfio que foi das sornas que bateu na toalha... mas quem sou eu para contrariar uma sogra?
Também foi graças a ela que contribuímos para uma estadia mais ecológica. Ficámos sem electricidade por duas vezes.
Até descobrir que a sogra tirava as torradas da torradeira com uma faca porque não a sabia desligar e não queria pãozinho queimado. E, como é óbvio, a EDP não quer electrocutar sogras no Algarve e preparou o quadro para disparar nestas ocasiões...
O FILHO MORCEGO
Em 7 dias, menos de uma hora de permanência na praia.
O meu filho odeia tanto, mas tanto praia que, logo no primeiro dia, adoeceu.
Com dores no corpo e uma leve impressão na garganta, passou os dias sem ver o sol.
Deitado no sofá, às escuras, fazia a primeira incursão à rua por volta das 21.00 horas, para jantar no exterior.
Claro que depois passava as noites a apreciar a beleza da lua e o mar prateado, até os primeiros raios de sol lhe indicarem que estava na hora de dormir...
A FILHA FRIORENTA
Já não há sangue jovem como antigamente.
A minha Mãozinhas não aguentou as gélidas águas do Algarve (é verdade que a água estava fria mas a gente tem que armazenar frio para os dias de calor extremo, caramba!)
Desforrou-se a ler e a fazer exercício.
E, para quem sabe porque é tratada por mãozinhas, comunico que só partiu um copo durante as férias. Yeahhh!
(quem não sabe ainda vai a tempo de descobrir aqui)
O MARIDO AVENTUREIRO
Com ele, há sempre qualquer coisa que descarrila.
Era suposto as férias serem casa-praia, praia-casa e pouco mais.
Porém, uma bela noite, raptou-me quase à meia noite e levou-me para um lugar fantasmagórico.
Por momentos ainda pensei que ele, como quem não quer a coisa, me fosse empurrar das rochas para me substituir por alguma sueca da praia.
Mas o que queria mesmo, era mostrar-me o mar naquela paisagem do outro mundo.
Não havia luar e não se via um palmo nem com a lanterna do telemóvel.
Combinámos voltar no dia seguinte ao pôr-do-sol e hei-de revelar-vos , noutro post, o que era isto.
Entretanto, se quiserem tentar adivinhar...
EU, A SEREIA
Não só por causa do corpo irresistível.
Mas porque o mar é a minha máquina de lavar. Limpa-me a alma até não restar qualquer nódoa de tristeza, cansaço e pensamentos negativos.
Foi lá dentro que passei a maior parte dos dias.
E não sei se foi impressão ou se da água gelada, mas quando saía tinha a leve sensação de ter os pés transformados em pequenas barbatanas...
A intrusa
A gaivota que todos os dias que vinha partilhar as bolas de Berlim com a minha sogra.
(Continua amanhã, que as férias são mesmo para render.
Se quiserem acompanhar esta caderneta de praia, voltem a passar por cá)
Depois de uma semana de férias perfeitas, ontem já acordei em casa.
Com vontade de morrer, como poderão compreender.
Nada como a nossa casa, é certo.
Mas quando regressamos da boa vida e de uma casa com as sapatas quase dentro do mar para o calor recordista do Alentejo, só há duas opções: ou choramos ou morremos.
Todavia, fui salva pelo Sapo.
Abro a homepage e dou de caras com um destaque a um post que escrevi sobre plástico e micro-fibras.
Também é preciso falar sobre o plástico que não se vê
E qual 46º, qual mar, qual saudades das férias!
Há lá no mundo coisa mais refrescante do que um destaque do Sapinho?
E porque também é preciso agradecer: obrigada meu querido!
Pelo destaque e pela importância que dás a este tipo de informação.
Há um ano atrás, numa longa madrugada, emaranhada em templates, dashboards e tags, enchi-me de coragem e dei vida a um desejo que me perseguia há quase dois anos. Criei um blog.
Sem ideias originais para o baptizar, decidi chamar-lhe A 3ª Face, explicando o significado no meu primeiro post.
Não sabia muito bem para quê nem porquê. Afinal, os blogues apenas serviam para substituir as antigas vizinhas: davam-nos conselhos, criticavam, conduziam-nos a pensar e a vestir dentro da norma, ajudavam-nos a ter vidas semelhantes à das influenciadoras, a copiar-lhes os vestidos, a ir a correr comprar a marca mais recente de cremes ou de sapatos.
Ao fim de um ano, paro para pensar.
Se não falo de nada disto, se não leio quase nada disto, porque raio aqui continuo?
E descobri que, em dia de aniversário, o meu presente foram vários mitos desfeitos.
1º) Os bloggers são distantes e, muitas vezes anónimos, pelo que não podem ser de confiança.
Mas foi com eles que descobri o que é a AMIZADE ESSENCIAL. Porque fiz verdadeiros amigos aqui, sem lhes conhecer a cara e o nome verdadeiro. Saint-Exupéry ensinou-nos que o essencial é invisível para os olhos. Eu confirmei aqui.
2º) Os blogs só servem para divulgar marcas a troco de dinheiro, verdadeiras montras publicitárias, sendo uma espécie de prostituição dos tempos modernos.
Depois, em vez de artigos patrocinados e subtilmente comerciais, encontrei o inverso. Quem aqui só vem partilhar desabafos e pensamentos que não revela nem aos amigos mais próximos.
Aqui encontrei sinceridade e transparência.
O âmago da alma humana.
Aqueles que traduzem em poemas ou prosa de grande beleza os seus maiores medos, desgostos, conquistas e felicidades.
Há quem transmita opiniões sobre o dia a dia ou sobre os acontecimentos do mundo e que, concordando ou não, me ensinam e de abrem novas formas de ver o mundo.
Há quem não resista em mostrar que a felicidade está na flor que fotografou ou no gato que tem ao colo.
Se também leio blogs de moda e lifestyle? Claro que sim. Mas não são estes que me prendem.
3º) Um blog só serve para ganhar dinheiro.
De facto, há quem ganhe dinheiro com o Blog e eu reconheço que é um trabalho como outro qualquer.
Mas eu, por exemplo, SÓ PERCO!
O tempo que lhe dedico poderia ser rentabilizado na máquina de costura, onde consigo fazer algum dinheiro extra. Ou a concentrar-me para concorrer a passatempos que exigem escrita criativa. Os meus prémios reduziram-se tanto no último ano...
Mas o prazer é sempre uma forma de gratificação e eu sinto uma Terceira Face realizada aqui neste espaço.
4º) Um blog expõe a nossa vida privada
No blog, só partilhamos o que queremos e da forma que queremos.
Podemos falar de nós sem nos expormos.
Ao ler blogs que relatam cenas familiares, não posso evitar remorsos por este meu cantinho ser tardio.
Poderia ter sido o depositário de momentos que passei com os meus filhos, que a memória vai desprendendo. Fotos eu tenho guardadas. Mas a descoberta do mundo vista pelos seus olhinhos poderia ter ficado aqui registada para sempre...
Criei este blog para preencher um vazio na massa cinzenta que surgiu, aquando de uma triste reviravolta profissional.
Mas mais que um hobbie, transformou-se num lugar de aprendizagem interior e do mundo exterior.
Porque a blogosfera e, muito em especial, o Sapo, é um lugar de partilha, de respeito, tolerância e aprendizagem.