Privei o mundo de saber o que me aconteceu de bom na semana passada.
Bem, verdade, verdade, não perderam muito.
Simplesmente, não aconteceu nada que me motivasse realmente a escrever, apesar de terem caído do céu coisas muito boas.
Mas esta semana eu compenso.
SEGUNDA
Vi o nascer do sol.
Tive que me levantar muito cedo para levar a minha filha a casa de uma amiga que lhe deu boleia para Lisboa.
Não fiquei especialmente feliz por isso. Coisa boa teria sido ficar na cama até ao meio dia.
Mas não me lembro da última vez que vi o sol nascer. E gostei (mas não é para repetir muitas vezes)
TERÇA
Depois de fazer este post a queixar-me da fortuna que custam os quartos para estudantes universitários e de fazer as contas ao que gasto com a minha filha, eis que um milagre aconteceu.
Foi-lhe atribuído um quarto numa micro-residência à qual se tinha candidatado e ficara em posição de suplente.
Vou pagar menos de metade. A casa é óptima, embora mais longe.
Posso começar o mealheiro para o próximo.
QUARTA
Não foi surpresa mas agora é oficial.
O meu filho foi o melhor aluno de 3º ciclo do seu ano.
Vai receber um prémio de mérito (monetário).
O que vai ser uma chatice porque ele detesta estes eventos.
E eu também não morro de amores por estas exposições públicas.
Morrer, morrer , só de orgulho. Mas em casa!
QUINTA
Por favor, não me chamem louca.
Mas consegui pôr a minha cadela a adivinhar os números do euromilhões.
11 vezes a mexer a orelha...
6 passos até chegar ao pé de mim...
20 vezes a agitar a cauda.
Será que vou ser dona da primeira cadela euro-milionária???
SEXTA
Talvez não saibam mas é difícil juntar o meu núcleo familiar.
A minha filha em Lisboa durante semana...
o meu marido a trabalhar longe e por turnos...
Hoje consegui juntá-los todos.
Foram só 5 minutos.
A filha chegou e o pai partiu.
Mas tive-os todos à minha volta.
Até a cadela. A que, por essa altura, já deveria ser euro-milionária.
Tenho tantas, tantas, que nem sei por onde começar...
Mentira!
Regra geral, como em tudo na vida, conseguimos mais facilmente apontar os defeitos do que as coisas boas.
Mas, para cumprir o desafio, eu fiz um esforço e consegui encontrar algumas qualidades.
Se bem que, por vezes, elas acabam por se transformar em defeitos. Mas aí, creio que a culpa não é minha. É daquelas pessoas que tornam negro tudo o que tem cor.
Ora aqui vai:
1 - HUMILDADE
Acho que esta é a minha maior qualidade.
É a ela que devo quase tudo o que tenho aprendido na vida.
A humildade enriquece-nos. Como se fosse um cofre onde guardamos o que os outros nos dão (normalmente, tudo aquilo que o dinheiro não pode comprar).
2 - SIMPLICIDADE
Vivo de forma simples.
Odeio enrolar conversas, situações, sentimentos.
Valorizo o essencial. E já é tanto!
3 - PACIÊNCIA
Talvez a qualidade que requer maior treino.
Mas, de facto, sou muito paciente. Mesmo em situações extremas.
Este mês, nasceu uma nova revista digital: a Raízes Mag.
A parceria entre a Âncora Verde e a Uniplanet vai contribuir, bimestralmente, para uma maior consciencialização dos problemas ambientais e a forma simples como podemos mudar alguns dos nossos comportamentos.
O primeiro número tem o Minimalismo como tema principal.
Abordado sem mitos, de forma prática e com depoimentos de vidas reais.
Os assuntos são sérios mas a abordagem é leve e apelativa.
Eu, que tenho ADSE, normalmente faço consultas no privado.
O SNS é aquilo que a gente sabe...ouve falar...lê nas notícias.
O Hospital de referência da minha zona de residência, o HLA (O Hospital do Litoral Alentejano) goza de má fama.
Faltam médicos especialistas, enfermeiros, os atrasos nas consultas são de horas, a espera por uma consulta é de meses.
Pois calhou que eu, depois de fazer o rastreio do cancro do colo do útero, fui encaminhada para uma consulta de Patologia Cervical no HLA.
Pânico!
Fui avisada da consulta por um SMS.
A carta chegou uma semana depois.
A consulta marcada no médico de família, agendada por ele para me explicar o resultado do exame e que me iria encaminhar para a especialidade, ocorreu 2 dias depois de ter voltado da consulta de especialidade.
Pelo menos aqui, o HLA foi célere. Muito célere.
Na semana passada, conforme agendado, fui fazer uma colposcopia com biopsia.
Cheguei à hora. Entrei À HORA.
Enquanto me espernegava na cadeira e enfiava as pernas nos apoios, o coração contraía-se. Apertadinho, encolhido de puro cagufo.
Não pelo exame. Mas pelo que poderá vir a seguir...
Pronta para que a médica me vasculhasse as entranhas e me roubasse um bocadinho para amostra.
Com vontade de fugir dali a sete pés.
A enfermeira foi-me explicando os procedimentos, transmitindo-me tranquilidade.
A médica foi complementando.
Acabámos as três a discutir a importância da comunicação entre médicos e pacientes.
Que é isso que faz a diferença no atendimento.
Que é isso que um doente valoriza quando rotula um bom ou um mau médico.
Elas deram exemplos de casos em que as pacientes se queixam de maus-tratos quando, afinal, apenas faltou dar atenção à parte emocional.
Eu, do outro lado, sei perfeitamente que, se o médico não nos explica o que está a fazer, se nos trata como um corpo vazio, o cérebro apenas regista a sensação de abandono.
E, mesmo que a intervenção física seja um sucesso, as cicatrizes emocionais ficam para sempre.
A fragilidade emocional é um efeito colateral de qualquer doença física.
E esta não se combate com químicos. Cura-se rapidamente com empatia, capaz de transmitir segurança e tranquilidade ao paciente.
Se calhar é isto que faz mais falta no SNS.
Que não nos tratem como carros numa oficina apinhada.
E esta equipa sabe-o bem.
Conseguiu que eu relaxasse e que aqueles minutos de angústia fossem ultrapassados pelo carinho com que fui tratada.
E é disso que me estou a lembrar agora, mais do que dos procedimentos desagradáveis que este exame implicou.
Posso continuar a ouvir histórias terríveis do SNS e do HLA.
Porque é sobre isso que nós, cidadãos, mais gostamos de nos pronunciar. Do que corre mal. Que infelizmente acontece com frequência.
Mas também é importante partilhar o que corre bem. E eu acredito que acontece a todas as horas.
Mostrar a gratidão para com aqueles que, mesmo confrontados diariamente com consultas a mais, poucos recursos e sabe-se lá que mais, continuam a colocar o paciente acima de todas as angústias pessoais.
Obrigada Drª Carmen Rebanal e Enfª Sónia Tojinha. Fui mesmo muito bem tratada!