Para mim, que me queixo constantemente de que os fins-de-semana passam a correr e não faço nada, aqui fica o registo de algumas tarefas destes dois dias:
- a bolsa de documentos para a Matilde;
- a bolsa/esponja para o sabonete da minha filha (vai usá-la no banho com o sabonete dentro, a servir de esponja esfoliante);
- uma carteira para óculos, em tecido impermeável;
- o meu cesto das molas (hei-de fazer um post sobre ele);
- as panquecas "javardice" (feitas com uma mistura de todas as farinhas disponíveis na minha despensa: trigo integral, aveia, amendoim e alfarroba, açúcar de coco e leite de soja. Não fossem os ovos, eram mesmo vegan).
Não tive fotógrafo para me registar em cima do escadote a trocar lâmpadas, nem em várias tarefas domésticas rotineiras.
Nem na despedida da minha filha (que hoje recomeça a faculdade), quando me coloquei de gatas para ela me fazer umas festinhas: só a cadela é que tem direito a mimo???
E ainda mais importante: já deixei a roupa desportiva preparada. Hoje, é dia de step!
Penso que toda a gente reconhece a facilidade de comunicação, de ter o mundo inteiro dentro do computador ou do telefone, de jogar ao Sabichão em qualquer altura ou lugar.
Tens uma dúvida?
Vai ao Google e encontras a resposta.
É esta capacidade infinita de aprender que eu considero mais importante no mundo virtual.
TODAVIA...o melhor mesmo, é ter a minha filha a 100 km de distância, dentro do provador de uma loja e enviar-me uma foto para pedir a minha opinião sobre a roupa que está a experimentar!
Se é pela roupa? Não.
Pela cusquice de saber o que ela anda a fazer? Também não.
É mesmo pela capacidade de sentir que a distância é apenas virtual, e que estou ali mesmo ao lado, a partilhar aqueles momentos insignificantes que me fazem tão feliz!
Hoje abro a minha página favorita da Internet e recebo uma surpresa do Sapo.
O meu post sobre o custo dos universitários foi destacado.
Um tema controverso, que gera muitas opiniões opostas.
Todas correctas, deixem-me esclarecer.
Cada caso é um caso, cada família e pessoa gere as suas opções. Da melhor maneira ou não, isso é já será discutível.
Mas são exactamente as reacções a estes assuntos que nos enriquecem e contribuem para a nossa aprendizagem, enquanto pessoas.
E que nos inspiram.
Provavelmente, muitos de vós serão como eu, que não costumam ler a área dos comentários, sobretudo quando são muitos.
Por isso, transcrevo aqui um comentário ao post destacado, que me encheu o coração.
A Desalinhada face à impossibilidade de continuar os estudos quando terminou o secundário, não desistiu.
Lutou pelos seus sonhos, deu o melhor de si e conseguiu:
Se me permites, vou deixar a minha experiência pessoal em relação à faculdade. Há uns bons anos atrás, com duas filhas em idade universitária, os meus pais com muito custo não conseguiram suportar os custos da universidade e não foi possível para nenhuma de nós ir estudar. Mas enquanto a minha irmã ficou revoltada mas nunca mais agarrou no sonho, eu estive a trabalhar 5 anos em empregos que me deram algum dinheiro para conseguir estudar. Entrei na faculdade com 23 anos, em regime pós-laboral, continuei a trabalhar 9 horas por dia (nem sequer era a part-time, era a full-time e com várias horas extra), acabei o curso em 3 anos, com a melhor média do ano, e passado 2 meses de ter terminado a licenciatura tive uma proposta de emprego na área com um salário acima da média. Ainda não tenho 30 anos e tirei a sorte grande na área profissional. (ou foi trabalho?) Compensou os 3 anos em que não tinha um tostão na carteira, e o que ganhava era para propinas e viagens. (nunca tive bolsa porque morava com os meus pais)
A ideia de que trabalhar e estudar é incompatível com boas notas é errada. É preciso dedicação, muito sacrifício e definir prioridades. É cansativo? É muito. Mas compensa. Mas para mim nunca fez sentido esperar que os meus pais pagassem a faculdade aos filhos todos, quando somos todos tão próximos de idade. E apesar de ter sido a mais velha do ano lectivo e dos meus colegas de faculdade, ter entrado na faculdade com 23 fez-me viver aquilo com outra maturidade.
Concordo a 100 % com os custos absurdos de estudar na universidade. No entanto, só acho que as famílias têm que pensar (e provavelmente mudar) a maneira como se vai para universidade em Portugal. Será que faz sentido como se faz agora de forma tradicional?
Obrigada Desalinhada, pelo testemunho.
Sinto-me tão, mas tão orgulhosa por ter recebido este comentário que o facto de ter tido um destaque passou para segundo plano.
Que inspire muitos de nós a não desistir no primeiro obstáculo.