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A 3ª face

Qua | 24.10.18

O caso da alegada violação do Ronaldo: dos boatos ao estudo científico

 

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Eu juro que não queria falar disto. Tenho-me contido este tempo todo.

Afinal, não estava lá no quarto e tenho mais onde gastar os meus poucos neurónios do que a divagar sobre uma alegada violação do Melhor do Mundo.

 

Mas ontem, quando me fui deitar, o meu marido tinha a televisão sintonizada na CMTV… e eu apercebi-me que fizeram uma sondagem a 600 portugueses sobre o assunto.

E apresentaram os resultados segundo o sexo, a zona de residência, o clube de futebol com quem simpatizam.

Um estudo à séria. Científico. Tal como eu aprendi nas cadeiras de Metodologia Aplicada às Ciências Sociais e em Estatística.

Discriminaram a amostra, a percentagem de inquiridos em meio rural, em meio urbano…idades…tudo!

 

Eu já estava meio a dormir mas acho que ouvi que há mais sportinguistas que crêem na inocência do Ronaldo do que benfiquistas.

Fiquei contente. Afinal, nós, sportinguistas, somos mesmo boas pessoas!

Quem não confia não é de confiar, lá diz o ditado. E nós somos de confiança, caramba!

 

Mas tenho de criticar um bocadinho.

Acho que o inquérito pecou pela falta de uma pergunta. A que todos nós queríamos saber:

 

- O(A) sr(a) estaria disposto(a) a ser violado(a) pelo Ronaldo se a seguir ele lhe oferecesse 300.000 € para fechar a boquinha?

Essa pergunta, meus caros, é que eu tinha curiosidade de ver tratada estatisticamente!

(pois cá eu, desconfio que nem que pagasse o dobro dessa quantia ao Cristiano, ele me faria o favor de violar)

 

Enfim, sinal de que não existem temas mais importantes no país para serem tratados. Tal como as listas de espera de 3 e 4 anos para consultas de especialidade, no SNS, por exemplo…

Qua | 24.10.18

Desafio da escrita - dia 10: peluche

   

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A ideia romântica que temos de um sótão é a de um lugar mágico, cheio de teias de aranha e tesouros escondidos em baús.

Pois eu tenho um sótão grande, com três divisões. Tem teias de aranha, às vezes. Mas, em vez de baús, tem muitas caixas de papelão e muita tralha desarrumada.

Ora, desde há duas semanas que eu e o meu marido andamos a tentar arrumá-lo. Começámos pelo meu atelier de costura, como expliquei aqui.

Ele continua a fazer prateleiras de arrumação. Tirou tudo do sítio.

O sótão é o albergue dos peluches  dos meus filhos. Neste momento, para onde me viro, vejo-os por todo o lado.

De todos os tamanhos (há um elefante do meu tamanho), cores e feitios…

 

E eu.

Eu, em criança, apenas tive dois peluches.

Uma pantera cor-de-rosa que enfeitava uma cadeira.

E um coelho-bebé azul, com pilhas, que dizia mamã.

 

O coelho azul devia ser muito valioso.

 Acho que a minha mãe tinha medo que eu o estragasse (não sei porquê, a única coisa que estraguei na minha infância foi o olho de um boneco que, acidentalmente recuou e o deixou zarolho. O que eu chorei, meu Deus) e o coelho passou a vida dentro da caixa, em cima do guarda-fato.

Ainda me lembro de estar na cama e contemplá-lo, a brincar com ele na minha imaginação.

Agora que penso nisso, acho que tenho a tendência para fazer da vida aquele coelho. Ficar parada a contemplá-la, com medo de a estragar.

 

Triste ideia.

A da minha mãe.

O coelho foi herdado por uma prima ainda dentro da embalagem. Deve ter sobrevivido uma semana.

 

E triste ideia a minha.

De que me serve a vida dentro de uma caixa?  A vida é para ser agarrada, sorvida, aproveitada.

E mesmo que a esfrangalhe de vez em quando, haverá sempre forma de a remendar. Como um peluche.

Assim como assim, ela é só minha e ninguém a conseguirá herdar.