Deixaste a roupa usada no chão e só não abandonaste a própria pele porque não a conseguirias arrancar. Há marcas que ficam. Mesmo que as queiramos apagar. Assim como a pele.
Partes assim tão de repente. Porquê?
Logo agora, que tenho o espumante a arrefecer e as passas na tacinha de cristal.
Mas despedes-te apressado e eu não te peço para ficar.
Não foi a primeira vez.
Outros vieram antes de ti. E partiram.
A alguns, desejei que desaparecessem velozmente.
Outros demoraram-se e quando saíram deixaram um aroma doce na porta.
É assim, já sei.
Às vezes dói.
Sobretudo, quando ficam boas recordações. Quando os dias vividos nos colam sorrisos na cara.
Tem sempre de acabar?
Poderias ter ficado mais um pouco. Já te conheço, aprendi a conviver com os teus defeitos e a festejar as tuas conquistas.
ESPERA! Posso pedir-te?
Não me abandones assim!
Está escuro no meu coração. Ainda não brilham estrelas e eu balanço-me ao vento que rodopia cá dentro. Sinto medo.
O que virá depois?
Outro recomeço? O que me espera quando fores apenas lembrança?
Eu sei. O desconhecido assusta mas também desafia.
Nada voltará a ser igual. Mesmo que assim o pareça.
E em cada despedida eu cresço. Eu fico mais forte.
Aprendi a empilhar todos os tijolos e a construir uma nova casa.
Ano após ano.
ADEUS 2018!
Demo-nos muito bem e e tivemos uma relação feliz.
Mas está na hora de partires.
Fico à porta a despedir-me.
Não a fecho.
Está escuro mas ao longe uma luzinha ténue já brilha.
Acho que todos conhecem a sensação de pegar num livro e decidir ler um capítulo por dia. E quando se dão conta, já o devoraram e estão a voltar a última folha.
Pois isto correu mais ou menos assim: uma manhã eu decido aderir a um desafio que iria durar 52 semanas.
E no final da tarde, reparo que estou a responder ao último desafio.
Não percebo como.
Acho que mais me marcou foi, de facto, a voracidade com que os dias se passaram.
Que fez com que os acontecimentos trágicos se vão enterrando na poeira do tempo.
Não percebo, por exemplo, como é que uma estrada abate sem que ninguém tome medidas prévias.
Numa era em que se prevê o estado do tempo com seis meses de antecedência…
Paro para pensar em 2018.
O que atingi? Melhorei enquanto pessoa? (que é isso que mais importa)
1 – Não mudei o mundo. Mas alterei comportamentos dos quais me orgulho.
(Não pude deixar de sorrir ao pôr a mesa de Natal. O maço de guardanapos de papel ainda é o mesmo do ano passado)
2 – Cuidei da minha saúde e fiz uma pequena cirurgia.
Apanhei um valente susto a meio do ano. Felizmente não passou disso. Mas é para vigiar.
3 e 4 – Fui a Paris e não deixei calotes na cidade-luz.
5 – Defeitos. Ai os defeitos! Não sei se consegui…
6 – Vida profissional: não me adaptei mas tornou-se um pouco mais desafiante por força de uma licença parental…enquanto estiver a substituir uma colega, há desafios e aprendizagens que me farão passar o tempo.
7 –Escolhas ecológicas: foi um ano de muitas aprendizagens. E que fui partilhando por aqui.
8- Saldo bancário: o que ele adora o sinal (-)! Mas vou ainda hoje aplicar umas poupanças em PPR. Por isso, acho que cumpri o objectivo.
9 - Exercício: inscrevi-me em aulas de grupo e acabo o ano com um ginásio em casa. Só não posso parar.
10 – Planear refeições: objectivo a melhorar em 2019
11 – Blog: cada vez mais apaixonada. Dediquei-me a ele mais do que devia. Mas também fui muito mimada. Por comentários, subscrições, destaques…sem deixar de fora a nomeação para os Sapos do Ano. Obrigada!
12 – Ser feliz: Eu fui, eu sou. Espero continuar.
Surpreendentemente, cumpri todos os objectivos. Ficam os sonhos, que me empurrarão sempre para cima.
E para 2019?
Que se cumpram os mesmos objectivos, que se mantêm válidos para o próximo ano.
Mas até lá vou ponderar novas metas.
A vida é uma escalada.
E eu consigo exigir um pouco mais de mim.
FELIZ ANO NOVO!
E obrigada por me lerem ao longo destas 52 semanas.
os presentes de Natal mais desejados em 2018 foram; roupa (41%), dinheiro (35%), livros (26%) e calçado (25%). Por outro lado, os piores presentes são doces (42%), álcool (30%), brinquedos (35%) e cartões natalícios (20%). Os portugueses gastam em média 108€ em presentes de Natal.
E vocês, o que ofereceram? O que receberam? Revêem-se nesta estatística?
Cá por mim, vou um destes dias (finalmente) a uma grande superfície comercial trocar os sapatinhos de Cinderela por uns que não me apertem os pés e a lingerie por um tamanhinho mais mini, que há coisas que aumentam com a idade mas não se transformam propriamente em melancias...
E vou aproveitar para espreitar os saldos.
Provavelmente, já venho abastecida para o próximo Natal...
O meu filho não sai do computador. Este ano deixou de jogar futebol e quer ir para o ginásio. Mas nunca mais mete pernas a caminho. Se tivesse uns halteres em casa, praticava musculação, diz.
Que boa desculpa!
A minha filha, pelo contrário, sai quase todos os dias de casa.
A caminho do ginásio. Tem um plano de treinos a cumprir.
Vá. O facto de ir com o namorado também deve ajudar.
Este ano, a prenda deles foi fácil. Difícil foi conseguir arranjá-la com o nosso orçamento.
Pesquisa, muita pesquisa.
Visitas, consultoria.
Telefonemas.
Carregamentos secretos a horas cirúrgicas, para ninguém perceber.
Uma fechadura desmontada para que a porta só abrisse com a maçaneta escondida…
E um peddy paper à meia-noite, com a família a acompanhar.
Pela casa toda.
Escada acima.
Este ano o Pai Natal não desceu pela chaminé.
Ficou-se pelo sótão.
E deixou isto (e mais algumas peças que não aparecem na foto):
A quem duvidou que eu não conseguiria fazer tudo o que listei neste post (sobretudo eu, que acreditei que não iria conseguir), eis o balanço:
- 5 encomendas para terminar até ao Natal: TUDO ENTREGUE
- 6 prendas que quero fazer para oferecer: SÓ FALTA UMA QUE VAI SER ENTREGUE DEPOIS
- 2 dias de Mercadinho de Natal: ENCERRADO
- 4 sacos de roupa para lavar (que a minha filha chegou hoje de férias): VENHA DE LÁ O FERRO...
- cerca de duas dezenas de prendas para embrulhar: VALERAM-ME OS SACOS DE PAPEL MAS JÁ ESTÁ TUDO (FORA OS SECRETOS) DEBAIXO DA ÁRVORE!
- 12 pessoas para a consoada e ainda nem sei bem o que vou cozinhar: EMENTA EM ANDAMENTO, TRABALHO DISTRIBUÍDO, COMPRAS REALIZADAS, METADE DOS DOCES FEITOS.
- e 1 jantar de Natal com os colegas: JÁ DIGERIDO.
Podes chegar, querido Natal!
Que eu estou mais do que pronta (toda rota, mas pronta!)
Quando eu percebi o que era o Natal, vivia numa casa com uma grande chaminé.
Daquelas antigas, com bancada onde se colocava o fogão e as botijas por baixo.
Na véspera, antes de dormir, colocava o meu minúsculo sapatinho ao lado do fogão.
O Menino Jesus (na altura acho que o Pai Natal ainda não tinha sido importado da Lapónia), durante a noite, passaria por lá e deixaria alguns embrulhos.
De manhã era a alegria total! Tanto papel para rasgar!
Os meus filhos já não esperaram pela manhã. Aliás, a chaminé era demasiado estreita para alguém passar. Mesmo o menino do presépio.
O Pai Natal batia à porta, entrava com um saco e desaparecia a seguir, enquanto o meu marido estava na casa-de-banho. Coitado! Todos os anos perdia a oportunidade de cumprimentar o Pai Natal.
Agora as crianças estão crescidas. O Natal perdeu algum encanto. Mas a família continua a reunir-se à mesa. Estamos todos.
Ainda.
Com saúde.
Sei que para alguns de vós, que me estão a ler, o Natal vai ser mais triste.
Há doenças que não tiram férias no final do ano. Há cadeiras ocupadas pela saudade.
Há reviravoltas na vida que nos roubam a vontade de celebrar o Natal.
Mas há boas recordações.
E há a esperança de um futuro, com que vale a pena sonhar.
Que sejam esses sonhos realizados a melhor prenda de Natal.