Não sei se já se aperceberam de que está em curso uma campanha nacional para nos tornar mais digitais.
O MUDAé um movimento nacional promovido por várias empresas, universidades, associações e pelo Estado Português que assumem, em conjunto, o compromisso de incentivar a participação dos portugueses no espaço digital e ajudar a tirar partido dos benefícios associados aos serviços digitais, disponibilizados por empresas e pelo Estado.
Ou seja, promover o acesso a serviços através da internet, sem necessidade de deslocação física.
A qualquer hora e em qualquer lugar.
Se bem que se colocam sempre as questões relacionadas com os postos de trabalho, a verdade é que é muito mais fácil aceder a serviços comodamente, em casa, à hora mais conveniente.
Os mais velhos ainda não superaram o trauma das filas intermináveis nas Repartições de Finanças, para entregar o IRS, pois não?
Ou a correria para chegar ao banco antes das 15.30 h, para fazer uma transferência...
A internet torna-nos a vida mais fácil. Ser cliente digital pressupõe poupanças de tempo, de combustível e de papel. Com impacto positivo no ambiente.
E isto, para mim, são argumentos de peso!
Para incentivar esta mudança, o MUDA lançou um concurso, a decorrer até dia 30 de Abril, com prémios diários (num total de 5000) e um carro, a sortear no final.
Se, por ventura, vos surgir um destes códigos, agarrem a oportunidade. Basta inserir o código e sabem de imediato se ganharam algum dos prémios diários.
As empresas que aderiram ao concurso e onde podem encontrar códigos (para perceber como ganhar os códigos acedamaqui), são as seguintes:
E depois de estudar na "aldeia grande", voltei para aqui. Por opção. E por paixão.
Quem não me conhece desde pequenina, conhece-me por força da minha profissão. Ou por alguns dos meus hobbies.
O meu marido, esse então, supera-me aos pontos. Toda a gente o conhece.
E os meus filhos?
Sempre carregaram a cruz de serem os filhos destes pais. Que toda a gente conhece.
Aprenderam que estejam onde estiverem, ou a fazer o que quer que seja, há pelo menos dois olhos que sabem de quem são filhos (em Sociologia, chama-se a isto controle social).
Com a agravante de que lhes conseguem tirar a pinta pela cara. Iguaizinhos ao pai!
Ontem, na aula de aeróbica, fizemos um exercício a pares.
Eu emparelhei com uma "moça" que não conheço. Colega de uma amiga minha. Não é de cá, isso é garantido.
A minha amiga apresentou-me à moça, para facilitar a interação:
- Esta é a M., minha amiga de infância...olha, é a mãe da namorada do R!
Desligou o telefone e foi como se a fechadura da masmorra onde aprisionara as memórias se tivesse estilhaçado.
Um turbilhão de imagens soltaram-se e invadiram-lhe os sentidos.
Turvou-se-lhe a visão, emudeceu-se o presente e José voltou a ser o menino franzino na sala daquela escola velha e a cheirar a bafio.
Sempre se sentira diferente dos colegas. Evitava as brincadeiras de rapazes e preferia ficar a um canto do recreio, a imaginar um mundo paralelo, onde fazia de conta que era.
Que era mil personagens que inventava e representava.
Os colegas não lhe perdoaram a diferença.
José Carvalho sofreu aquilo que hoje já tem nome: foi vítima de bullying.
Nunca lhe bateram mas os insultos magoavam mais do que um soco nas partes baixas.
Acabou por ficar conhecido como o Cara d’Alho, pelo trocadilho do sobrenome e pelo prazer que todos sentiam ao assistir à sua humilhação.
Um dia tomou coragem e pediu ao pai para desparecerem daquela vila ignóbil, onde até os adultos já o cumprimentavam pela alcunha, com ar de escárnio.
Teve sorte.
Há muito que o pai matutava em emigrar para os Estados Unidos, para onde tinha ido um primo que jurava estar rico.
Nessas férias de verão pisaram a terra de todas as oportunidades e nunca mais regressaram a Portugal.
E agora, ao fim de tantos anos, o telefonema…
José reconheceu o António Vasconcelos quando este se apresentou. Tinham sido colegas na escola e recordava-se bem dele. O queixinhas da escola, que contava todas as mesquinhices à professora, a troco de ser o favorito. Mentiroso e manipulador, que chegara a acusar um amigo de um disparate que ele próprio fez para sair impune.
Agora apresentava-se como presidente da Câmara lá da terra e convidava-o para a inauguração.
Haviam decidido atribuir o seu nome a uma rua, prestando homenagem pela sua carreira.
O que é facto é que José Carvalho, ou melhor, Joe Carval, como era agora conhecido mundialmente, tornou-se actor, como sonhara no recreio da escola primária.
E mais. Acabara de ganhar um Óscar e a euforia ainda o entorpecia.
Joe Carval acedeu ao convite.
Regressou ao lugar onde as memórias pareciam garras a sugar-lhe o orgulho que agora sentia.
Sorriu durante toda a cerimónia. E mais ainda quando os antigos colegas o bajularam, fazendo-se esquecidos do sofrimento que lhe causaram muitos anos atrás.
Há cicatrizes que nunca fecham mas eles não sabem.
Conforme combinara com o presidente, ele próprio ofereceu um repasto aos ilustres do lugarejo. No restaurante mais chique da vila.
E voltou para os Estados Unidos.
Já passara um mês mas Joe Carval ainda se ri de cada vez que visualiza o ar atónito dos convivas quando viram a ementa.
Uma entrada de pão acompanhado com azeitonas temperadas com alho e uma açorda d’alho.
Ele bem sabe. Há coisas que nunca mudam.
E é isso que está a pensar agora, enquanto contempla o chão.
Joe Carval tem um estrela no Passeio da Fama, em Hollywood.
E tem uma rua com este nome na terra natal. A que todos chamam, com tom de gozo,
Ninguém te explicou porque é que os adultos deixam buracos de 100 metros de profundidade a céu aberto.
Ontem, ter-te-ás perguntado porque passaram 13 dias a tirarem-te de um buraco para te devolverem a outro, logo de seguida.
Também não te consigo explicar.
A única diferença é que, quando caíste a primeira vez, foste sozinho e em queda livre.
Ontem, o amor do mundo inteiro amparou-te quando desceste devagarinho.
Não suaviza nada, pois não? Este mesmo mundo inteiro que acompanhou com esperança o teu resgate será incapaz de acalmar a dor no coração dos teus papás.
Talvez já não penses nisto.
Talvez estejas agora a jogar à bola com o teu irmãozinho, feliz pelo reencontro.
Quem sabe ele ter-te-á ido buscar - que os anjos cabem em qualquer lado - e nunca estiveste sozinho.
Mas nós pensamos.
Porque em todas as famílias há Julens que correm felizes pelos campos. Porque é suposto os pais deixarem os filhos brincar na natureza.
Só não é suposto os homens deixarem as crianças serem engolidas pelo chão.
Não é suposto um pai e uma mãe enterrarem um filho. Ou dois.
E sim Julen, não é suposto que consigas compreender este Mundo.