Há uns dias atrás, por ocasião de uma festa aqui da cidade, integrei a tendinha dedicada ao artesanato.
Seríamos 4 participantes numa tenda relativamente pequena, pelo que a organização nos deu indicações de que teríamos 2 mesas para cada uma.
No primeiro dia, quando cheguei, o cenário era este:
- uma das participantes tinha lá estado de véspera a escolher e reservar o “seu” espaço, tendo ocupado 5 (cinco) mesas, dispostas em duas frentes da tenda.
- Eu e outra colega encolhemo-nos com as mesas em L para garantir espaço à participante que ainda não tinha chegado;
- Esta 4ª participante não apareceu nem atendeu os insistentes telefonemas da organização, para sabermos se viria ou não…
E o Mundo pode resumir-se a esta tenda: existem as regras de igualdade anunciadas para todos, que alguns fazem questão de respeitar.
Depois aparecem os donos disto tudo, que em prol dos seus próprios interesses e bem-estar, usurpam tudo!
E finalmente, aqueles que estão acima dos comuns mortais e não se dão ao trabalho de descer aqui à terra para agradecer as oportunidades e justificar os incumprimentos.
(Não, não vale a pena perderem tempo com comentários de que deveria ter refilado. Eu participo nestes eventos para me distrair e aliviar o stress com o meu hobby. E foi o que fiz. Ironizei a situação com muito humor e desfrutei ao máximo da festinha. Muito divertida, por sinal.
E se voltar a participar no próximo ano, já estou preparada para prevenir chico-espertices destas)
Julho está a terminar, assim como o Plastic free july.
Durante este mês, eu e tantos outros bloggers (bem como autores em várias redes sociais), insistimos no tema da redução do plástico.
Nunca vi (e acho que também não o fiz) alguém impor condutas, ser autoritário ou ofensivo.
Pelo contrário, privilegiou-se a informação e a partilha de alternativas que poderão melhorar o ambiente e o mundo em que vivemos.
Mas tais publicações suscitaram alguns comentários depreciativos: de que há problemas maiores no mundo do que o plástico, tais como a fome, as migrações e os refugiados, a defesa da vida e dos direitos básicos, entre tantos outros.
E só nos preocupamos com plástico...
Pois, a minha opinião - que vale o (pouco) que vale, é esta:
Quem se empenha em reduzir o plástico descartável está preocupado, acima de tudo, em contribuir para um mundo melhor e em garantir qualidade de vida para as gerações futuras.
E quando alguém acredita que o seu comportamento pode melhorar o mundo (à escala de cada um), não se envolve só na luta contra o plástico descartável! Essa será, por ventura, apenas uma faceta de quem, naturalmente, tenta ajudar os outros em vários domínios da vida. Mas que, por certo, se sente mais à vontade em abordar publicamente o tema da redução do desperdício e do plástico.
É gentinha que já percebeu que não é o consumismo desenfreado e descartável que trará um futuro próspero aos filhos e netos.
E, normalmente, é reconhecida no dia a dia como os parvalhões, os tolos e alienados que abdicam da possibilidade de enriquecer, ter poder e status social, em troca de um bem maior: o futuro das gerações vindouras.
Gentinha que só se preocupa com o plástico não existe!
Por isso, não se preocupem assim tanto em criticar a gentinha que só fala no plástico.
Aproveitem para falar e agir sobre outros problemas em que se sintam mais aptos para o fazer.
O nónio é um instrumento de navegação, inventado pelo mais importante matemático da história portuguesa, Pedro Nunes (1502-1578).
O nónio serve para medir fracções de grau em dois instrumentos náuticos de altura: o astrolábio e o quadrante.
Pode ser descrito como um sistema de medição angular que se instala, por exemplo, num astrolábio náutico ou num quadrante graduado. Segundo Pedro Nunes, num astrolábio de 0 a 90 graus, devem-se construir mias 44 escalas concêntricas, mas sucessivamente divididas em 89, 88, 87, até chegar a 46 partes.
Nestas condições, ao medir-se um determinado ângulo, que não corresponda ao número exacto de grau, é muito provável que o valor medido caia rigorosamente ou muito próximo, numa divisão dos referidos arcos internos.
A navegação astronómica teve início ainda no século XV, quando os navegadores portugueses, ao afastarem-se da costa, tiveram de recorrer a instrumentos de altura para determinar a posição do navio.
Desenhar mapas precisos e completos, conhecer ventos e as correntes dos oceanos, estudar o movimento dos astros ou calcular latitudes a qualquer hora do dia, eram desafios que os homens dos mares e os homens da ciência enfrentavam juntos.
O Nónio surgiu, como se vê, para facilitar a navegação em águas desconhecidas, para que não houvesse limites no horizonte.
Agora, anda por aí outro homónimo, que, pelo contrário, nos impede de navegar nos ciber-mares do mundo virtual.
E, mais do que nos irritar, é uma ofensa para o instrumento que nos ajudou a avançar no desconhecido.
E o Nónio – o verdadeiro – está meeeesmo ofendido!
Para saber mais sobre instrumentos de navegação - e quiçá para os impérios dos Media se inspirarem em nomes de armadilhas para caçar os nossos perfis- , leiam aqui.
A mulher que não goste de um adorno a condizer com a roupa que veste que ponha a mão no ar!
Se olharmos atentamente para o que estamos a usar, provavelmente estamos cobertas de plástico…
Sem consciência disso, passamos os dias a ostentar plástico nas orelhas, no peito, nos pulsos.
Na hora de comprar bijuteria, ao menos deveremos estar conscientes do material que estamos a levar para casa.
Talvez não precisemos de 7 colares com todas as cores do arco-íris…talvez faça sentido investir numa bijuteria mais clássica, que “diga bem com quase tudo” , reduzindo o consumo.
Talvez possamos privilegiar materiais mais ecológicos, como a madeira ou o algodão, por exemplo.
É possível, sim, Estes colares foram feitos por mim, maioritariamente em algodão (não são um espanto mas já me encomendaram vários).
E depois, há sempre a hipótese de transformar um colar antigo, dando-lhe uma nova vida.
Ou ousar criar jóias com material reciclado: já viram criações com as cápsulas da Nespresso?
Estes dias, em que já nem comia e apenas se aguentava com as doses de morfina, haviam-se tornado um suplício.
Bia sentia-se permanentemente atordoada e por vezes, tinha dificuldade em falar e perceber o que lhe diziam. Sabia que tinha delírios e chamava pelo neto. Se não ouvisse os comentários das enfermeiras, julgaria que eram apenas sonhos. Mas não!
Há muito que ELA estava no quarto. Queria levá-la, sabe-se lá para onde mas Bia não deixava. Haveria de continuar a lutar. Não iria assim, sem se despedir do seu principezinho, de quem cuidara desde que nascera até a doença se descobrir.
- Espera aí que eu já vou - murmurava horas a fio.
Não tinha medo da morte. Já nada temia desde que o marido lhe entrara no quarto para fazer companhia. Com o mesmo sorriso com que anos atrás, se despedira.
Foi a única coisa que guardou do dia em que o companheiro de toda a vida tombou na sala, com uma dor no peito. Aguentou-se até os bombeiros lhe entrarem pela casa e, com um largo e tranquilo sorriso, olhou para eles e partiu.
Agora, talvez devido às doses de droga, via o marido ao canto do quarto. Ao outro canto, ELA lá estava, impaciente!
- Espera aí mais um bocadinho que já vou!
As enfermeiras perceberam a sua luta por mais um dia - ou um par de horas, quiçá- e pediram ao filho para trazer o menino. Afinal, tinha apenas 4 anos e não iria perceber muito bem o que se estava a passar. A experiência dizia-lhes que Bia, no meio daquele sofrimento, só se iria dar por vencida depois de se despedir do neto.
A família veio e ela pode sentir os lábios quentes e doces do seu menino no rosto escanzelado.
Sorveu ainda as lágrimas salgadas dos filhos ou dos seus próprios olhos - que isso não discerniu - e lembrou-se deles com as mãos pequeninas agarradas às suas.
Tivera uma boa vida, cheia de amor, apesar de tudo!
Já não conseguia falar mas as memórias enchiam-lhe todo o coração e escorriam-lhe pelos olhos.
O marido, ao canto, sorria-lhe.
Estavam lá todos: a família, cheia de vida e a morte, acompanhada pelo marido.
Inspirou duas vezes. Não que o ar lhe chegasse já aos pulmões.
Mas afinal, respirar é o que nos anuncia à vida e à morte e foi a maneira que arranjou para agradecer às duas.
À vida, pela família, amigos e bons momentos que lhe concedeu.
À morte, por se ter deixado esperar até se despedir de todos.
E ELA, finalmente, pode aproximar-se para a levar.
No meio do pranto da família, ainda conseguiu ouvir o neto perguntar:
- Porque choram tanto se a avó está a sorrir?
- É o sorriso dos que morrem em paz - ainda quis dizer.
Mas, por essa altura, já estava demasiado longe. Rumo ao desconhecido.
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Há uns dias atrás, ouvi um novo relato de uma pessoa que só se desprendeu da vida depois da despedida dos filhos.
Quantas histórias destas guardo, nem sei: de doentes que só descansam depois de verem os netos. Ou de voltarema a casa. Ou de se reconciliarem com alguém com quem estavam zangados…
Um profissional de emergência, há uns tempos, confessou que a sua maior frustração – e que é frequente – é ser chamado para socorrer alguém e quando chega com todo o equipamento para o salvar, vê-lo dar um sorriso e morrer.
De uma forma ou de outra, parece que conseguimos fazer a morte esperar até ao momento em que sentimos paz.
Uma das formas de reduzir o plástico é através da reutilização.
Um bom exemplo são as embalagens de iogurte e de gelado, que podem ser lavadas e usadas para guardar restos de comida ou materiais diversos.
Eu, por exemplo, guardo-os para oferecer o que sobra das festas e assim não corro o risco de ficar sem os meus queridos tupperwares.
Todavia, se não lhes dão uso ou têm em demasia, não joguem fora. Ofereçam a instituições que trabalham com famílias carenciadas e que distribuem comida.
A Refood, por exemplo, costuma fazer pedidos de embalagens, necessárias para distribuir refeições por quem precisa.
É uma maneira solidária de reduzir o plástico.
E, para quem gosta de artesanato, pode sempre transformar uma vulgar caixa de gelado numa obra de arte. Como estas:
Se costumam passar por aqui, sabem da minha paixão pela costura.
E do modo como alivia o stress e me transporta para um mundo de paz e tranquilidade.
E talvez se recordem de terem lido alguma coisa sobre a devoção que tenho à colecção "Baby Blues".
Ensinou-me a relativizar os "problemas" do crescimento e da educação dos meus filhos e a olhar para eles com humor e passados todos estes anos, continuo a reencontrar-me em cada folha.
O último volume está soberbo (é nestas alturas que agradeço não morar num prédio para ninguém ouvir as minhas gargalhadas fora de horas).