O Nónio está meeesmo ofendido!
O nónio é um instrumento de navegação, inventado pelo mais importante matemático da história portuguesa, Pedro Nunes (1502-1578).
O nónio serve para medir fracções de grau em dois instrumentos náuticos de altura: o astrolábio e o quadrante.
Pode ser descrito como um sistema de medição angular que se instala, por exemplo, num astrolábio náutico ou num quadrante graduado. Segundo Pedro Nunes, num astrolábio de 0 a 90 graus, devem-se construir mias 44 escalas concêntricas, mas sucessivamente divididas em 89, 88, 87, até chegar a 46 partes.
Nestas condições, ao medir-se um determinado ângulo, que não corresponda ao número exacto de grau, é muito provável que o valor medido caia rigorosamente ou muito próximo, numa divisão dos referidos arcos internos.
A navegação astronómica teve início ainda no século XV, quando os navegadores portugueses, ao afastarem-se da costa, tiveram de recorrer a instrumentos de altura para determinar a posição do navio.
Desenhar mapas precisos e completos, conhecer ventos e as correntes dos oceanos, estudar o movimento dos astros ou calcular latitudes a qualquer hora do dia, eram desafios que os homens dos mares e os homens da ciência enfrentavam juntos.
O Nónio surgiu, como se vê, para facilitar a navegação em águas desconhecidas, para que não houvesse limites no horizonte.
Agora, anda por aí outro homónimo, que, pelo contrário, nos impede de navegar nos ciber-mares do mundo virtual.
E, mais do que nos irritar, é uma ofensa para o instrumento que nos ajudou a avançar no desconhecido.
E o Nónio – o verdadeiro – está meeeesmo ofendido!
Para saber mais sobre instrumentos de navegação - e quiçá para os impérios dos Media se inspirarem em nomes de armadilhas para caçar os nossos perfis- , leiam aqui.