Abdicar dos sacos de plástico descartáveis num supermercado pareceu-me fácil.
Há muito que fiz os meus próprios sacos transparentes, que permitem comprar frutas e legumes sem recorrer ao plástico descartável.
Estes, da imagem, foram confeccionados com um cortinado velho que uma amiga queria jogar fora.
A boa notícia é que alguns supermercados já vendem sacos deste tipo, o que constitui um enorme passo na luta contra o plástico.
O Lidl, por exemplo, assinalou o Dia Internacional Sem Sacos de Plástico, com o anúncio de que iria disponibilizar uma alternativa ecológica para o transporte de frutas e legumes: sacos de poliéster 100% recicláveis e apreço muito acessível: cada unidade de venda tem dois sacos e custa 0,69€ (ver notícia completa aqui):
Todavia, livrarmo-nos dos sacos de plástico num supermercado não é tão simples como parece.
Em primeiro lugar, tem de haver venda a granel e sabemos que a maior parte da fruta e legumes (só para dar estes exemplos) já vem embalada.
Depois, há a zona da charcutaria, que poderia eliminar drasticamente o plástico. Mas, estranhamente, ainda não o faz.
Para evitar o plástico, passei a comprar o queijo e o fiambre no balcão.
Quando vou ao Minipreço, os produtos são embalados apenas no papel.
Mas, no Intermarché, o papel é colocado dentro de um saco de plástico.
Já pedi para não me darem saco. Resposta da menina: o autocolante é pequeno e não consegue fechar o papel, pelo que tem de colocar a embalagem no saco...pois, problemas difíceis de resolver!
Na peixaria e talho de um supermercado, isto agrava-se: às vezes é saco dentro de saco, como devem saber.
Por isso, cada vez mais a alternativa começa a ser o regresso ao passado: às compras no comércio tradicional, onde a relação pessoal permite uma maior confiança e a possibilidade de levarmos as nossas próprias embalagens.
Mas reconheço que isto implica uma enorme capacidade de organização para estarmos preparados para o que queremos comprar. Capacidade essa que eu nem sempre consigo ter, reconheço.
E, finalmente, há que dissertar sobre o pão nosso de cada dia.
Continuo na saga para encontrar alternativas à película aderente (lembram-se deste post?)
No mercado, já existem soluções ecológicas para tapar ou envolver alimentos: as bee wraps e as soja wax wraps. Mas são bem caras.
A técnica é simples: impermeabiliza-se tecido com cera de abelha ou de soja e um óleo vegetal (recomenda-se jojoba mas não me perguntem porquê) e o tecido fica moldável, permitindo proteger os alimentos.
A internet está cheia de tutoriais sobre o assunto!
Pois cá eu, como tenho uma filha vegana, fui "compelida" a comprar cera de soja.
E fiz a experiência: tecido, cera em flocos, papel vegetal, óleo de jojoba e um ferro de engomar, para derreter a cera.
A (má) experiência deu nisto:
As cores dos tecido desbotaram, o tecido não ficou moldável e a cera esfarela, depois de fria.
Fiz tudo bem. Copiei as instruções, teimei com várias tentativas e o resultado foi sempre o mesmo: medíocre!
Ainda hei-de tentar com cera de abelha!
Mas, por enquanto, resolvi provisoriamente o problema com...plástico!
Reutilizei os sacos de arroz - ou outro plástico resistente - fiz uma bainha e passei-lhe um elástico.
Em vez da embalagem ir directamente para o ecoponto, passará uns meses na minha cozinha, a tapar pratos ou melancias partidas.
E voilà, plástico descartável como alternativa ao plástico descartável.
Com o alto patrocínio da Cigala!
Não é o ideal mas, por agora, desenrasca.
E é sempre uma boa maneira de reutilizar materiais e dar-lhes uma segunda vida.
Se tiverem uma máquina de costura, atrevam-se.
Basta dobrar o plástico e coser com ponto largo, deixando uma abertura para enfiar o elástico. Depois, volta à máquina para continuar a linha da costura e está pronto.
Garantam que é plástico para uso alimentar e não usem em alimentos ainda quentes (a alta temperatura pode fazer com que o plástico liberte substâncias químicas e contamine os alimentos).
É caso para dizer: se não consegues vencer o plástico, junta-te a ele...
A folha de alumínio é um material que pode ser reciclado indefinidamente.
A sua versatilidade permite tantos usos que é difícil enumerá-los: é usado na culinária, em limpeza de panelas e utensílios de metal, na tábua de engomar para potenciar o calor, como refractário no churrascos e até para "acrescentar" pilhas, quando não temos as de tamanho ideal.
O uso mais improvável que lhe dou é para afiar tesouras -sobretudo a de zig-zag: vou cortando o alumínio várias vezes e a lâmina fica mesmo mais afiada .
E tenho o truque do alumínio, quando os bolos já estão cozidos, excepto no centro: tapo a parte cozida com alumínio para que "aguarde" pelo restante e é sempre um sucesso!
Portanto, quando substituí a película aderente por folha de alumínio, fiquei muito satisfeita.
Por preguiça, muitas vezes uso-a usava-a para evitar sujar tabuleiros, quando fazia pizzas no forno ou bolos que poderiam derramar (com o raio da tarte de amêndoa, é sistemático)! Afinal, é um material reciclável, depois de limpo...
A folha de alumínio , tal como os recipientes de takeaway, não são descartáveis: podem ser lavados, mesmo na máquina de lavar e serem reutilizados.
Quando chega a hora da partida para o ecoponto, há 2 cuidados a ter:
- o material deve estar limpo, para não comprometer o processo de reciclagem;
- os pedaços pequenos não são reciclados. Por isso, devemos ir guardando os desperdícios e, quando estiver sensivelmente do tamanho de uma bola de ténis, é que deve ser depositado no ecoponto amarelo.
TODAVIA...
A minha mania de pesquisar e tirar dúvidas leva-me por caminhos inesperados!
É que o alumínio, pese embora seja reciclável indefinidamente, acarreta um processo pouco amigo da ambiente: consome o dobro da energia da produção de vidro, por exemplo.
E, mais grave, há estudos que defendem que não devemos cozinhar em alumínio porque, com o aquecimento, o metal liberta substâncias nocivas para os alimentos.
E o alumínio está associado à doença de Alzheimer, embora não existam provas científicas.
O facto de cozinharmos em "papelote de alumínio", por exemplo, parece ser demasiado arriscado.
Acresce ainda que a folha de alumínio, quando quente, tende a agarrar-se aos alimentos, correndo-se o risco de ingerir pequenos pedaços .
Por isso, o uso de alumínio, na minha casa, ficou condicionado. Continuo a usá-lo mas com muita contenção.
Por exemplo, deixei de envolver o melão e a melancia partidos, no frigorífico, que me dava tanto jeito nesta altura.
Experimentei uma alternativa. Amanhã falarei sobre ela.
O plástico não é nosso inimigo, antes pelo contrário. Foi um avanço tecnológico enorme, responsável pela melhoria das condições higieno-sanitárias, tecnológicas e da nossa qualidade de vida, em geral.
O inimigo somos nós, que fazemos uso indevido e abusivo deste material e transformámo-lo no monstro que nos está a engolir!
O ideal será reservar o plástico para o imprescindível e uso duradouro e reduzir ao máximo o descartável e mono-uso.
Aproveitando a boleia do plastic free july, programei vários posts sobre a minha saga para reduzir o plástico.
Umas iniciativas foram um sucesso. Outras, nem por isso.
Vale apenas como a minha própria experiência e se conseguir inspirar alguns de vós, tanto melhor.
Porque é imperativo reduzir o plástico (e o desperdício em geral). E é mais fácil do que imaginamos.
Para começar, falarei hoje sobre os produtos de higiene pessoal.
Gel de banho, sabonete líquido, shampoo, amaciador….quantas embalagens plásticas povoam a vossa casa-de-banho? Façam as contas: quantas gastam num ano?
A foto que ilustra este post foi o meu presente do Dia da Mãe: produtos sólidos artesanais, que permitem evitar muito plástico e não têm impacto no ambiente: sabonete, shampoo e amaciador.
Estes são da Saponina - uma excelente marca portuguesa - mas há várias no mercado.
Há uns meses, fiz este post sobre o mesmo assunto.
Os produtos são muito, muito bons, garanto-vos. E, como duram mais, acabam por ficar mais baratos.
Plastic Free July é um movimento internacional que pretende envolver as pessoas na solução para a poluição causada pelo plástico.
Julho é, assim, o mês em que se pretende consciencializar para a mudança de comportamentos, avançando com ideias e recursos para reduzir o plástico descartável do nosso quotidiano.
A verdade, é que todos nos habituámos às facilidades do plástico "de um só uso", responsável por toneladas de lixo perfeitamente evitável.
- Ah, pois, mas eu carrego tudo para a reciclagem! - poderão responder-me.
- Ah, pois, mas são produtos de plástico desnecessários e o próprio processo de reciclagem causa impacto no ambiente! - digo-vos eu!
O problema do desperdício não se resolve com a reciclagem.
Resolve-se com a redução.
Com a recusa.
Com a reutilização.
Com a contensão naquilo que compramos.
Evitando ao máximo as embalagens de plástico, já estaremos a fazer a nossa parte.
Como?
Não será assim tão difícil.
Aqui fica um dúzia de propostas bem simples:
1 - ter sempre no carro ou na mala um kit para as compras: saco reutilizável, saquinhos para compras a granel e saco para o pão;
2 - preferir comprar a granel e em locais tradicionais (peixaria, talho, frutaria), onde podemos levar os recipientes para transporte e evitar as famosas couvetes de esferovite;
3 - recusar palhinhas;
4 - levar para o trabalho um copo e uma chávena para o café, evitando os descartáveis;
5 - ao comprar comida no take away, levar o recipiente de casa (até porque já começam a ser pagos);
6 - substituir as garrafas de refrigerantes por sumos feitos em casa;
7 - usar alternativas à película aderente, seja para transportar snacks seja para cobrir alimentos no frigorífico (às vezes, a tampa de um tacho resolve o problema);
8 - substituir as embalagens de gel e shampoo por produtos sólidos;
9 - aventurar-se no fabrico dos próprios detergentes e cosmética natural;
10 - esquecer as largadas de balões (irão inevitavelmente cair no mar ou nos campos);
11 - em piqueniques e festas com muita gente, propor que cada um leve a própria loiça, recusando talheres, copos e pratos de plástico;
12 - depositar as beatas dos cigarros apenas no lixo (o filtro é plástico). Não seja responsável por imagens destas:
"Pássaro a alimentar cria com um cigarro choca mundo" (notícia aqui)