A loja dos meus padrinhos fica na praça central da aldeia.
As carreirinhas de casas pintadas de branco juntam-se neste largo de calçada portuguesa, sombreada por várias árvores centenárias.
Gosto de dar nome às coisas.
Mas a minha ignorância impede-me de dizer que árvores são.
Debaixo das árvores, há bancos de madeira e antes das eleições, vieram colocar uma mesa um pedido antigo dos velhotes que se juntam ao fim da tarde para apanhar a primeira brisa do crepúsculo e dar dois dedos de conversa.
Não sei como conseguem porque, a essa hora, os pardais que habitam nessas árvores regressam aos ninhos e, tal como os velhotes, também põem a conversa em dia. Deve ser por isso que o barulho é ensurdecedor.
Mas o que mais me impressiona na praça são os canteiros de flores irrepreensíveis.
Nunca vi jardim tão bem tratado!
Conheço o jardineiro.
É neto de um desses velhotes.
Costuma vir à loja.
Não que precise de qualquer coisa.
Vem por mim. Dá para perceber.
Mas eu, criada em Lisboa, não tenho qualquer interesse num jardineiro de aldeia, apesar de ser capaz de inspirar qualquer estátua grega.
Ontem, vinha eu da biblioteca com um livro de Florbela Espanca, voltou a meter conversa comigo.
Perguntou se gostava de Florbela.
E eu, que só escolhi o livro porque percebi que nasceu alentejana, desci da minha superioridade e confessei que não conhecia.
Os olhos dele brilharam ao falar e recitar alguns poemas.
E depois falou de Fernando Pessoa e de António Nobre. E de outros tantos poetas que eu nem sei quem são.
Acabámos sentados num dos bancos da praça.
Falou-me da sua paixão pela literatura e confessou que também escrevia. Mas a timidez impedia-o de mostrar os seus poemas.
Perguntei-lhe porque não tinha ido estudar.
Explicou-me que os pais eram emigrantes e foi criado com os avós. A avó morreu quando ele estava a terminar o secundário e não teve coragem para abandonar o avô.
Quando ele morrer - que Deus faça com que demore muitos anos – pensará nisso.
E levantou-se que tinha de ir, já era quase por-do-sol.
Então eu percebi:
Que há poetas que escrevem com flores em vez de letras;
Que a inteligência pode esconder-se num acto de amor;
Que julgar pessoas sem as conhecer deveria ser pecado mortal.
Ao observar, vi-o agora por inteiro: ainda mais bonito por dentro do que por fora.
Tema11: Um dia na tua família… do ponto de vista do teu animal de estimação
Porquê?
Porque me vieste deixar aqui, voltaste as costas e te foste embora?
Lembro-me nitidamente do dia em que me encontraste. Estava acabrunhado e tremia de medo debaixo desta mesma árvore, onde agora me abandonas.
Apesar de pequenino e exausto, senti-me enorme quando as tuas mãos me agarraram com meiguice e, no teu colo, me afagaste até sentires que estava calmo.
Levaste-me para casa e fizeste de mim o melhor amigo.
Por isso saltitava tanto assim que te via chegar!
Fazia demasiado barulho para chamar a tua atenção?
Terá sido naquelas manhãs em que o sol brilhava e eu acordava cedo e não te deixava dormir?
Não percebo muito de humanos mas sempre achei que a tua família era também minha.
Mesmo naqueles serões quentes em que a azáfama de volta das abóboras não me deixava dormir…
Ou nas tardes frias de inverno, junto ao lume de chão. Tenho medo do fogo mas, por ti, aguentei o calor e o crepitar da lenha de sobro, que fazia saltar tantas fagulhas.
Pensei que havia ganho a tua confiança quando me levaste a passear nos campos e não fugi uma única vez.
Ouvi as tuas confissões, os teus soluços profundos pelos desgostos que também são meus.
Tal como tu, também não sei da minha mãe…também não teria sobrevivido se alguém, num acto de amor, não me tivesse abraçado. Foste tu!
Agora, vens-me deixar à sombra da mesma árvore e vais-te embora?
E levas essas lágrimas que finges não te molharem o rosto e pedes-me para ser feliz?
Aqui estou sozinho.
Olho em volta e já não me sinto tão pequeno.
A árvore tem uns ramos frondosos, que se agitam na brisa que ainda corre a esta hora.
O céu, de tão azul, apetece rasgar!
Sem saber como - porque nunca me ensinaste - sinto uma vontade enorme de me abrir.
Bato as asas e descubro que, mais do que os pequenos saltos que dava na gaiola… eu consigo voar!
E subitamente, torno-me inteiro.
Sinto-me feliz.
Afinal sou um pássaro e é na revoada que celebro a vida.
Tu sabias!
Sentiste que era a altura de me devolver ao meu lugar.
Cada vez mais, há alternativas de madeira irresistíveis.
Daqueles que poderão atravessar gerações.
Se julgam que os preços são elevados, acreditem que pode não ser bem assim.
O Lidl, por exemplo, a partir do próximo dia 25, vai colocar à venda uma colecção de vários brinquedos, com preços para todas as bolsas.
Não costumo fazer publicidade a marcas mas, desta vez, abro uma excepção.
Parece-me que são boas opções para presentes, que as crianças irão adorar. E são bem mais ecológicas e duradouras. Podem passar para os irmãos, primos e filhos, sempre em bom estado.
A madeira utilizada na produção dos brinquedos de madeira provem de florestas geridas de forma sustentável e tem certificado FSC®.
Aqui ficam as peças pelas quais me apaixonei perdidamente, mas podem consultar o folheto integral aqui
Provavelmente não se aperceberam mas Portugal provou estar na vanguarda dos esforços para diminuir o uso do plástico.
A competição europeia Challenging Plastic Waste, que premeia os projectos mais inovadores relacionados com a redução do desperdício de plástico, galardoou este ano, 3 projectos, entre os quais a portuguesa SpraySafe.
A tecnologia Spraysafe, desenvolvida pelo Instituto Politécnico de Bragança, é baseada em ingredientes naturais e sustentáveis, nomeadamente extractos de plantas e biopolímeros, que podem ser usados para cobrir alimentos, reduzindo a oxidação, humidade e contaminação microbiana.
Com este revestimento em spray, é possível reduzir as embalagens plásticas de uso único.
E, já agora, os outros projectos vencedores são:
Venvirotech (Espanha)
Uma startup biotecnológica dedicada à transformação de resíduos orgânicos em bioplásticos Polyhydroxyalcanoato (PHA), produzidos por bactérias biodegradáveis no meio ambiente e compatíveis com o corpo humano (aqui)
MIWA (República Checa)
Reinventou o modelo de distribuição de bens, baseado no princípio da economia circular.
A MIWA providencia aos produtores as embalagens reutilizáveis que entram no circuito de mercado e são devolvidas depois de vazias.
Após a devida higienização, entram novamente no circuito, possibilitando as vendas a granel e a redução drástica de desperdício de embalagens plásticas de uso único.
Muitos parabéns, equipa do Centro de Investigação de Montanha!
Mais do que fazer a árvore de Natal, as minhas memórias prendem-se com a busca do pinheiro perfeito.
Era uma altura em que o Alentejo só estava cravado de vedações onde existia gado e podíamos pisar a vastidão dos campos.
Eu ia com o meu pai no carro, munidos de um machado, para os pinhais que estavam a ser desbastados. Procurávamos um ramo recentemente cortado ou, à falta de melhor, o meu pai cortava um que sabia que iria ser cortado.
E durante um mês, a minha casa cheirava a pinho, a resina, a natureza…
Recentemente, a starup Rnters teve uma ideia brilhante: alugar pinheiros e ajudar os bombeiros portugueses.
A iniciativa - Pinheiro Bombeiro - permite, durante o período de Natal, alugar pinheiros de Natal verdadeiros.
Os pinheiros provêm de desbaste da zona de Coruche, que são cortados de forma a manter o terreno limpo e prevenir incêndios, pelo que, ao ter um em tua casa, estamos a contribuir, de algum modo, para evitar a disseminação de incêndios, a prevenir o combate ao fogo e a dar-lhe uma nova vida!
O “aluguer” de cada pinheiro tem o custo de 20 €, sendo que 5€ revertem para a compra de material profissional para o combate a incêndios, a oferecer a corporações de bombeiros.
O suporte do pinheiro também é natural e pode-se ainda adquirir enfeites de madeira, personalizáveis.
No final do aluguer, o pinheiro é devolvido e transformado em biomassa, finalizando o aluguer e a sua utilização de forma sustentável.
Os pinheiros podem ser “alugados” até 15 de Dezembro” nos seguintes locais: