Tema da semana: Acordas e tudo o que mais desejavas realizou-se: conta-nos o teu dia
Dizer que acordei não me parece bem.
Tenho a sensação de que não embalei no sono durante a noite inteira. A excitação e a antevisão do dia não deixaram Morfeu entrar no quarto.
Levanto-me, tomo banho, emborco meio frasco de perfume pelo tronco e começo a vestir-me. Os sapatos bicudos apertam. E a camisa branca, cheia de goma, revela-se áspera no pescoço.
Mas vai valer a pena. É o sonho da minha vida prestes a realizar-se!
Tento ajeitar o plastron dentro do colarinho mas é tarefa complicada.
Vou ao quarto da minha mãe e, para grande surpresa, também já está vestida.
A minha mãe é linda mas depois de penteada e maquilhada por uma profissional, parece uma bonequinha de porcelana.
Ajeita-me e aproveita para me colocar o raminho na lapela, a fazer pandant com o bouquet da noiva.
E para disfarçar o nervosismo e a responsabilidade, trauteio a canção que não me saiu da cabeça durante a noite inteira: ´Cause I’m happy…
Estamos prontos.
Entramos no carro e só paramos à porta da Igreja, onde os convidados nos aguardam.
A minha mãe vai serena, a passo lento, cumprimentando toda a gente, qual rainha com a tiara na cabeça.
E eu, Pontes Manuel, enlaço-lhe o braço enquanto tremo como uma taça de Jelly Já!
Curioso! Nunca percebi o quão comprido é o corredor da igreja!
Chegados ao altar, ela beija-me, desenlaça-me e junta-se ao meu pai.
“O meu sonho realizou-se ”penso, enquanto ocupo o lugar.
O meu lugar de padrinho…
Os meus pais casaram à pressa, pelo civil, quando eu já vinha a caminho.
Quando tinha 10 anos e depois da minha mãe descobrir a causa de tanta avaria no carro da vizinha, que o meu pai se disponibilizava para arranjar, separaram-se.
Foi o meu maior desgosto e durante mais de um ano tive acompanhamento psicológico.
Pior ficou o meu pai, que se arrependeu no dia seguinte.
Depois de 4 anos a implorar perdão, a minha mãe achou que já era altura de lhe levantar o castigo e “se o pobre homem tinha aguentado 4 anos a tentar reatar o casamento, agora era para o resto da vida”.
Quis o casamento que nunca tivera.
E eu fui o padrinho.
Nunca pedi brinquedos no Natal. Pedia que os meus pais se reconciliassem.
Talvez o Pai Natal só agora tivesse arranjado tempo para ler as minhas cartas.
Não é Dezembro mas, neste momento, estou a contemplar o meu presente…
Quando surgiram as notícias do COVID-19, não liguei. Mais um pânico igual ao da gripe A ou das aves. Mais alarmismo do que consequências. Felizmente!
Mas agora é diferente!
Desconheço se o número de mortes já ultrapassou o das últimas epidemias. Mas o pânico sim!
Um bicharoco invisível está a virar o mundo de pantanas, com consequências imprevisíveis. Porque já percebemos que não é apenas uma questão de saúde.
Quando se fecham fábricas, centro comerciais e se esgota comida nos supermercados, é uma questão de saúde. Mas também de economia. Como se obtém lucro sem vendas? Quem paga salários? Como subsistem as famílias impedidas de trabalhar?
Quando se isolam grupos em quarentena e se suspendem actividades recreativas e viagens, é uma questão de saúde e de economia. Mas também social.
Quando governos se interpelam para defender o acesso a tratamento de compatriotas infectados, é uma questão de saúde, de economia e social. Mas também política.
E quando eu anseio que o meu filho regresse de uma viagem de estudo a um certo país antes que lá seja conhecido algum caso, é uma questão pessoal!
O nosso modo de vida está a mudar tão rapidamente quanto a propagação da doença.
E coisas tão simples como compras a granel e a eliminação de embalagens plásticas descartáveis poderão sofrer drásticos reversos.
Tenho medo do que aí vem. Não apenas pela doença mas pelos fundamentalismos que o pânico social implica.
Por acreditar ou simplesmente para manter viva a memória do tio Dino, tentei seguir os seus conselhos quando me atrevi a iniciar relacionamentos.
Mas foi difícil. Sempre fui tímido e com pouca auto-estima, o que me levou a inibir muitas paixonetas.
Por isso, quando me apercebi que a Net podia ser usada para encontros, tomei coragem para experimentar.
Atrás do ecrã e de um nome falso foi muito mais fácil. Oh, se foi!
Num site (não revelarei qual para não correr riscos de ser identificado) descobri a minha veia sedutora. Encarnei um personagem tal como o tio Dinão já o fizera!
Não fosse a chata da Lei de Protecção de Dados e mostrar-vos-ia, aqui, algumas fotos que me mandaram…
Uma das belas mulheres cativou-me. O seu olhar penetrante e atrevimento não me foram indiferentes.
Depois de várias insistências da sua parte, convenci-me para um encontro.
Um jantar.
Ok. (a noite é propícia para os tímidos)
Na próxima segunda-feira
Óptimo. (posso fugir com a desculpa de trabalhar cedo)
Num restaurante vegan, que ela não come carne.
Melhor ainda! (Com os nervos, tenho tendência para enrolar a carne e não a engolir)
À minha escolha.
Pior! (não conheço nenhum)
Lá andei a pesquisar no Google: preço acessível, ambiente romântico, vegan.
Combinei o local.
Às 20.00 h, junto à porta.
O primeiro a chegar espera com um livro na mão, como sinal…
Mal dormi nos dias seguintes.
Fujo? Apareço? Disfarço-me e vou sem ela perceber?
Às 18.00 h, o chefe chama-me.
- Pontinha, temos um erro no relatório! Corrige-o antes da Administração se aperceber!
Despacho-me às 19.30h e corro para o metro.
Só depois me apercebo que não levo o telemóvel.
Muito menos o livro, como suposto…
Saio do metro e lá compro um livro: cozinha vegan (há que impressionar)
Volto para o metro mas algo corre mal.
Uma avaria!!!
Quando chego ao restaurante faltam 15 minutos para as nove.
A porta está fechada. As luzes apagadas. Ninguém nos arredores…
“Encerra à segunda-feira”
O Google está errado! Diz que o dia de descanso é à terça!
Ainda aguardei mais 15 minutos. Ela também poderia estar atrasada.
Mas talvez o Google esteja certo…
O Amor não chega por fibra de vidro ou wi-fi.
Tampouco é um livro que se escolhe numa prateleira e levamos debaixo do braço.
O Amor é um calhamaço que nos atinge quando passamos no meio do nada, inesperadamente.
Hoje, numa das capas dos jornais, fiquei a saber que 96% dos portugueses querem que as empresas tenham produtos e práticas mais sustentáveis.
Não é uma simples maioria.
É Portugal inteiro! Quase 100%.
E lembrei-me desta imagem:
E o que estão estes 96% portugueses (já que se fala aqui em Portugal) para ter práticas mais sustentáveis?
É que querer é muito fácil.
Também todos queremos ser ricos e saudáveis…
Mas se não abdicarmos de algum do nosso conforto individual e adoptarmos práticas mais sustentáveis para esperar que sejam as empresas – que vivem do que lhes compramos – a mudar comportamentos… em breve viveremos num inferno.
Há algumas pessoas que me têm manifestado a vontade de aderir ao painel Kantar, depois de lerem o meu post sobre Inquéritos remunerados (aqui)
As adesões fazem-se por convite e, neste momento, podemos recomendar pessoas entre os 15 e 24 anos ou com mais de 65 anos.
Portanto, se cumprem este requisito e estão interessados, enviem-me e-mail com o vosso nome, contacto telefónico e idade, para que vos possa recomendar.
Estou limitada a 5 recomendações. Por isso, apressem-se.