Mas confinada em casa e evitando a todo o custo as deslocações a espaços comerciais, concluo que devo estar orgulhosa do meu percurso dos últimos anos.
A tentativa de "fazer em vez de comprar" revelou-se uma bênção, por estes dias.
Vejamos:
1) Quando se aconselha o uso de sabão para a lavagem das mãos, eu tenho este stock no sótão (verdade que era para vender numa feira já desmarcada mas não me há-de faltar material para a higiene), a que acresce ainda o shampoo sólido:
2) Como vos expliquei há alguns dias, fiz o meu gel desinfectante:
3) Aventurei-me como padeira ou, para me armar em moderna, sou #pãoemcasa
Primeiro, comecei com umas bolinhas simples mas que demoravam horas a ficarem prontas, devido ao tempo de fermentação.
Porém, na passada semana, o LIDL vendeu a famosa máquina para fazer pão e eu não resisti. Quando me fui abastecer, coloquei-a no carrinho.
A primeira experiência foram os pães de leite que o meu filho tanto adora (e que me custavam fortunas). Ficaram óptimos!
Depois seguiram-se os pães XXL, para alimentar a família.
Aqui está um, magnificamente apresentado pela minha filha, em traje de cerimónia, como a ocasião exige:
3) Mas não me dei por satisfeita! Fazer pão exige fermento e, para além de caro, anda esgotado (parece que, subitamente, toda a gente percebeu que, afinal, fazer pão não é difícil).
Por isso, estou a experimentar fazer massa-mãe, que me permitirá produzir pão desperdício zero, mais barato e nutritivo, sem recorrer aos pacotes de fermento dos supermercados.
Para quem não sabe,
a massa mãe é um ingrediente natural com propriedades fermentativas que consiste apenas em farinha e água. Também conhecida como massa madre, lievito naturale, isco ou massa emprenhadora, a massa mãe vai definir o produto, quer em termos de estrutura, quer de sabor. Os micro-organismos existentes na massa mãe usam o amido e os minerais que se encontram na farinha para fermentar e aumentar o volume do pão, ao mesmo tempo que as moléculas orgânicas ajudam a desenvolver o sabor.
Originários do antigo Egito, os métodos e receitas de massas mãe foram passando de geração em geração ao longo de milhares de anos. De facto, era esta a principal forma de fermentação até à Idade Média, e continua a ser uma opção bastante popular nos dias de hoje. (créditos)
Se a experiência correr bem e ficar aprovada, dou-vos a receita.
E agora o que se segue, 3ª face?
Hum... ainda hei-de experimentar produzir papel higiénico, a ver se é desta que enriqueço.
O frasco de gel desinfectante cá de casa estava a acabar e para o poupar, andava a usar álcool a 70º.
Eu sei que é óptimo para matar o bicho. Mas a minha pele e unhas estavam a acusar maus-tratos.
Como se sabe, o álcool-gel é uma raridade e, havendo, custa mais do que uma garrafa de Moet Chandon!
Felizmente, existem receitas caseiras, que são boas alternativas.
Os ingrediente são bem simples: álcool a 96º e gel de aloe vera.
TODAVIA...
Qual o gel indicado?
Que marcas, a preços acessíveis?
Onde comprar, sobretudo em terras pequenas, onde não há muita oferta?
Pois ontem, a resposta caiu-me na caixa do correio...vinda do LIDL!
Esta marca disponibilizou a receita, com o uso do hidrogel de Aloe Vera que vende nas suas lojas.
Hoje fiz.
Ingredientes:
- 2 medidas de álcool a 96º
- 1 medida de hidrogel de Aloe Vera
- 5 a 10 gotas de óleo essencial a gosto (opcional) - eu usei de árvore do chá, cujo aroma me transmite a sensação de desinfecção, para além de possuir propriedades anti-fúngicas, cicatrizantes e bactericidas.
Modo de preparação:
- Juntar os ingredientes num copo de vidro e mexer bem (eu usei o batedor de leite, que uso para a cosmética artesanal mas pode ser mexido com uma colher)
- Depois de homogénea, colocar a mistura em frasquinhos pequenos, que possam ser colocados na carteira.
A receita completa e a explicação está aqui, na página do Lidl.
Para 100 ml, calculo que terei gasto 0,50 €, no máximo.
Valor bem diferente dos cobrados nas farmácias e superfícies comerciais, não é?
Pontinha está apaixonado por uma paciente que, entretanto, já teve alta. Durante aqueles dias, foi tão bom, não foi?
Subitamente, no meio deste rodopio de emoções, o Mundo mudou. Mas isso, já todos percebemos.
O Serviço onde o Sr. Enfermeiro Pontes Manuel trabalha, foi reconvertido. Era a Unidade de Psiquiatria mas como alguns loucos estão fechados em casa e os casos mais graves passeiam-se tranquilamente pelas ruas, a ala hospitalar foi reconvertida para receber doentes de Covid-19.
Quando Pontinha decidiu ser enfermeiro, o seu chamamento era salvar vidas. Mas nunca pensou que fosse lidar com o salvamento massivo de um povo inteiro, lutando contra um inimigo que traz coroa mas não se quer mostrar.
Amanhã começará a sua batalha. Irá iniciar o turno e para proteger os pais, não voltará a casa. Tal como os outros colegas que têm família, ficarão confinados ao hospital, saber lá até quando.
A mãe perguntou-lhe se tinha medo.
Pensou dizer que não. Mas porque mentiria à mãe?
Disse que sim. Todavia, como profissional de saúde, era seu dever.
Decidiu ir ao supermercado para que os pais ficassem abastecidos e para levar alguma reserva de snacks para o Hospital. Doravante, o chocolate de avelãs inteiras seria o seu único luxo.
Entrou no carro e percorreu a rua do bairro. Acenou a alguns vizinhos que se assomavam às janelas, mostrando-lhes um sorriso caloroso.
Nada. Nenhum devolveu o cumprimento, fingindo não ver.
No supermercado, onde costumava dar dois dedos de conversa com os amigos ou atender aos pedidos de conselhos de alguns vizinhos, Pontinha compreendeu como o vírus infecta alguns mas afecta todos.
As pessoas ignoram-se. Vagueiam cabisbaixas e não cruzam olhares nem acenam aos amigos ou familiares que percorrem os corredores quase vazios.
Pontinha disse “bom dia” dez vezes.
Dez vezes sorriu.
E dez vezes o ignoraram.
Por duas ou três vezes, teve a certeza de que algumas pessoas o evitaram por ser enfermeiro e um potencial contagiador.
Talvez as mesmas pessoas que, dias antes, bateram palmas às janelas, para agradecerem aos profissionais de saúde.
Amanhã, Pontinha entrará no retiro profissional, sem saber quando tudo terminará.
Mas hoje, Pontinha deixa um apelo:
Num período de afastamento físico e social, um sorriso transforma-se no único abraço possível, capaz de confortar a dor dos outros e mostrar que, acima do medo, continuamos humanos. E pode ser a única luz que permite acreditar que ainda há caminho.
Agora que está em casa, tem cozinhado bastante: sopas, bolos, panquecas, seitan, tofu...tudo vegan e delicioso.
Anteontem, fez hambúrgueres de feijão e cogumelos para eu almoçar no trabalho.
Estavam muito saborosos! E saudáveis e low carb, altamente proteicos....
Hoje já não fui trabalhar e, como sobraram bastantes hambúrgueres, aqueci dois para almoçar. Primeiro comi uma sopa de espinafres, depois lavei umas quantas folhas de alface e juntei no prato.
Ora aqui está uma comida que não dá para aquecer!
Os hambúrgueres mudaram o sabor e a consistência... custei a acabá-los, mesmo depois de os disfarçar entre as folhas de alface.
À tarde, a minha filha foi ao frigorífico buscar panquecas para lanchar.
E elas tinham desaparecido!!!
Perguntou ao irmão se as tinha comido. Não.
Ao pai...nem pensar.
E eu? Eu nem sabia que ela tinha panquecas!
- Onde estavam?
- Numa caixa de vidro, aqui ao lado dos hambúrgueres!
Sejam sinceros!
Olhem para a foto deste post e digam-me: conseguem ver alguma diferença entre a panqueca proteica e o raio do hambúrguer????
É que eu não! E almocei duas panquecas a julgar que eram hambúrgueres...