A situação que todos atravessamos é grave. Demasiado grave para permanecermos sérios 24 horas por dia, que isso é meio caminho andado para a depressão.
Na minha modesta opinião, penso que é obrigação de quem escreve, aligeirar este período sombrio e ajudar a colar sorrisos no rosto de todos. Tal como os artistas já estão a fazer.
Por isso, nos próximos tempos, vou priorizar textos mais divertidos, relatando episódios reais da minha vida ou de quem conheço e que poderão rasgar um sorriso por dia.
É nos tempos difíceis que se conhece o pior e o melhor do ser humano.
Eu quero mostrar o meu melhor. E, quando tudo isto não for mais do que uma má recordação, quero ter a certeza de que me tornei numa pessoa melhor!
Por esta altura, os filhos deveriam estar na escola, a terminar os presentinhos para o Dia do Pai.
Acredito que é importante não quebrar este tipo de rotinas, mesmo estando em casa, para que as crianças acreditem que a vida continua e, em breve, tudo voltará à normalidade.
Deste modo, recolhi algumas ideias de presentes que os filhos poderão criar rapidamente com materiais que costumamos ter em casa (não vale sair para comprar material, ok?)
1) Uma moldura reutilizando um velho CD
Basta imprimir uma fotografia, recortá-la à medida do CD, colar e recortar a base, aproveitando um papelão grosso de uma velha caixa.
2) Postais com desenhos e dedicatórias especiais para o Pai-Sol:
O dia brilhará muito mais com raios de Sol feitos de massas espirais pintadas.
3 ) Um pincel especial, para os pais que gostam de bricolage:
Não há pincéis novos? Não faz mal. Também serve um já usado, desde que seja pintado e traga um bonita dedicatória.
4) Um porta-canetas para o escritório:
Feito com uma lata de salsichas, um papel de jornal ou de um livro velho, dois botões e um pedaço de feltro ou cartolina. Trés chic!
5) Uma caixinha de guloseimas:
Para os pais gulosos, retirem alguns doces da despensa e cole-os numa caixa-surpresa, feita de papelão forrado.
6) Um chaveiro para arrumar as chaves:
Se usa bases de cortiça para copos e tachos, transforme uma delas num bonito chaveiro para pendurar as chaves e as miudezas.
7) Uma base para os post-it:
Há pais tão esquecidos que só se orientam com anotações. Neste caso, eles nem vão perceber que lhes roubaram um bloco e o estão a oferecer de volta, numa bonita base de eva, feltro ou cartão pintado.
8) Uma garrafa de vinho inesquecível:
Retirem uma garrafa da garrafeira e desenhem um bonito e muito amoroso rótulo. Já agora, não se esqueçam da base, que deverá ser plastificada para não se estragar com os pingos derramados.
9) Um avental para o pai cozinheiro:
Mesmo com um avental já usado, podem reconvertê-lo numa obra de arte, pintada com as mãos dos filhos em várias cores. UAU!
10) Um boné:
Sabem aquele boné que está esquecido no armário? Mãos a obra. Literalmente!
11) Base para caneta:
Provavelmente abasteceram-se de massa para as brincadeiras dos próximos dias. Se não, procurem na net uma receita e usem esta brincadeira para entreter as crianças. Aproveitem para fazer um suporte para caneta, com a mãozinha do filho decalcada.
12) Uma carteira:
Se têm um resto de feltro e de elástico, eis um trabalho de costura muito simples, que pode ser cosido à máquina ou à mão.
13) A taça para o melhor pai do Mundo:
Dois copos de papel colados e decorados ou pintados a gosto dos petizes. Colar umas asas de cartolina e a taça vai mesmo para o melhor do Mundo!
14) Uma esferográfica:
Pode ser uma daquelas que anda perdida na gaveta. O que importa é a embalagem.
15) E o embrulho para o presente?
Se o presente é especial, merece um embrulho à altura. Este saco decorado com suspensórios, botões e papillon é o meu preferido!
A vida é o que fazemos dela.
Por isso, aproveitem o que de bom ela nos dá e sejam felizes!
Como é que há humanos que continuam a fazer mini-férias e passeios como se o mundo fosse o mesmo?
Cada vez mais nos chegam relatos de "corona-refugiados": italianos e espanhóis que estão a chegar e a instalarem-se no país sem qualquer controle de saúde.
Para outros, o Alentejo das anedotas tornou-se num bunker onde se julgam seguros. E vêm para cá passar uma temporada e varrer os nossos supermercados.
Desenganem-se.
Muito provavelmente, o vírus anda por aí. Mas como demora a manifestar-se, ainda ninguém descobriu.
Parei de escrever porque não gosto de me expressar debaixo da raiva e revolta.
E os últimos dias assim têm sido.
Primeiro, foi a relativa inércia para tomar medidas de prevenção sobre o Covid-19.
Estas estão tomadas e assumidas e eu serenei.
Depois, a malfadada viagem de finalistas que não havia meio de ser cancelada.
A agência, após a triste posição inicial que tomou (e que provavelmente irá lamentar nos próximos anos) decidiu adiar.
O grupo daqui da terra não irá e desconheço se me devolverão o dinheiro já pago.
Mas, ao contrário de alguns pais que protestam activamente no FACE e que se focam exclusivamente na devolução integral do dinheiro, eu estou-me nas tintas, por agora.
Quero o dinheiro, como é óbvio. Mas estou a priorizar o controlo da pandemia. Haverá tempo para o resto, quando a guerra terminar.
Hoje, de manhã, a revolta chegou com as fotos do Cais do Sodré.
À custa do #ficaemcasa, muitas famílias viverão tempos difíceis. A economia sofrerá nova crise mas estamos quase todos unidos numa causa comum.
À excepção de um magote de jovens irresponsáveis que continuam alienados do que se está a passar.
E cuja falta de inteligência lhes impossibilita ter a ideia abstracta do tempo futuro e das consequências que a noite de ontem terá daqui por 15 dias.
São os ET’s de 2020, que vivem num planeta diferente e a quem eu apelo:
ET, GO HOME!
Para os pais que se começaram a queixar, por antecipação, pelo facto de ficarem enfiados 2 semanas em casa com os filhos (tenho algumas colegas assim), lembrem-se das vezes que se lamentam de que o tempo passa demasiado rápido e não conseguem acompanhar o crescimento dos filhos. Têm agora a oportunidade de desfrutar desse tempo. Valorizem-no em vez de se lamentarem.
E se acham que vão ter dificuldade em prender as vossas crianças em casa, é porque não imaginam a guerra que se vive nas famílias com adolescentes, que acham que sair com os amigos à noite não tem problema porque ainda não há casos no Alentejo (#estamos juntos)
Na verdade, este post deveria ser um conjunto de sugestões para desfrutar da quarentena da melhor maneira possível. Mas, ao abrir a página do Sapo Blogs, dei de caras com este post e desisti. Está lá tudo que queria dizer, e muito mais. É de leitura obrigatória, ok?
São tempos difíceis para todos.
Sejamos como o pequeno colibri: que cada um faça a sua parte!
Tenho tratado a minha Bela Adormecida como um pássaro dentro de uma gaiola dourada.
Vou induzindo os médicos em erro, ao afirmar que ainda há risco se tiver alta.
Pura mentira! Só não quero que saia para sempre da minha vida.
Não tenho esse direito, eu sei.
Hoje, saí de casa decidido a aprisionar o meu egoísmo em vez da minha amada.
Na reunião de início do turno, dei o meu parecer favorável à alta e o médico concordou.
Ah, o AMOR! Pudéssemos nós escolher por quem bate o coração!
Tenho duas colegas que me assediam descaradamente e eu, a suspirar por uma doente… Um amor impossível e deontologicamente condenável.
Sinto-me um Romeu. E ela, será a minha Julieta?
Ainda não percebi. Falamos muito mas isso, todos os doentes aqui fazem.
E já percebi que a visão dos apaixonados fica distorcida. Porque ainda não inventaram uns óculos para os cegos de amor?
Entrei no quarto.
Para a despedida.
- Olá, estamos melhores, não é verdade? – perguntei eu com a voz trémula e um sorriso falso e nervoso.
- Sim, sem dúvida!
- Acho que é hoje que a menina vai para casa. Deve estar ansiosa por isso, não é verdade?
Silencio.
Continuei:
- Não deverei voltar aqui antes do final do turno, por isso acho que é a nossa despedida. Espero sinceramente que recupere e seja muito feliz.
- Quem sabe nos encontremos por aí – disse a minha Julieta.
- Talvez noutra vida – retorqui.
- Talvez. Se encontrar um epitáfio a dizer “ Aqui jaz aquela que nunca soube sorrir ” já sabe que sou eu, Sr. Enfermeiro.
Quis falar mas o coração entupiu-me a garganta e sufocou todos os sons.
- E o enfermeiro, qual será o seu elogio fúnebre?
Só pensei no que disse depois de me calar:
- Aqui jaz Pontinha, o enfermeiro que ajudou a sarar feridas e doenças mas não soube tratar da sua. Poderia ter sido príncipe de um conto de fadas mas sucumbiu à estranha doença do arrependimento, pelo efeito secundário do vírus da falta de coragem. Ao despedir-se, disse que partia mais cedo por ter uma missão no Além: fazer alguém sorrir.
Não sei dizer quanto durou o silêncio que se seguiu.
Mas foi quebrado pela voz fininha da doente da cama ao lado:
- Ó Sr. Enfermeiro, porque não lhe dá o número de telefone?
Estamos a pouco mais de 15 dias da viagem de finalistas.
O meu filho só não é finalista por ter nascido 3 dias depois do ano de 2002 ter encerrado.
Todavia, o seu grupo de amigos é composto pelos finalistas. E como tal, insistiu muito em fazer a viagem com eles, já este ano. Como tem sido um miúdo atinado e excelente aluno, anuí (e o pai? Pois esse foi o primeiro a concordar, mesmo antes da criança ter terminado a frase).
Só não estava nos planos que o Covid-19 também se pudesse infiltrar!
Punta Umbria é “já ali” mas sabemos que se juntam jovens de todos os cantos de Portugal, Espanha e eventualmente de outros países.
Não é seguro, não me digam o contrário!
Nas discotecas, piscinas, bares e praias aglomeram-se milhares de miúdos, partilham ganzas, copos e corpos (que a gente sabe muito bem o que por lá se passa).
E agora, proíbo-o de ir?
Adianta, partindo do pressuposto de que os outros irão e que, assim que cá chegarem, vão-se juntar todos?
Já imaginaram se um - apenas um - finalista de cada terra trouxer o vírus? Quantas vilas e cidades portuguesas irão ficar de quarentena? Quantos familiares e amigos ficarão contagiados?
Não será um acelerador da epidemia que andamos a tentar conter?
Conhecem alguma guerra em que se recrutem inimigos para a batalha?
Depois das notícias de hoje, sobre a evolução do vírus em Espanha, aguardo a intervenção das autoridades para adiar (no mínimo) a viagem. Não vejo outra solução.
Já nem é pelo ressarcimento do dinheiro, que nesta altura é o menos importante.
Mas é por uma questão de saúde nacional!
Os jovens podem fazer a viagem mais tarde, ou, no limite, lamentar para o resto da vida terem sido finalistas no ano do vírus. Mas não lamentarão, por certo, ser-lhes atribuído a morte de familiares e amigos com menos imunidade.
Que o que mais importa, neste momento, é travar o bicho.