5 dias em Paris (em modo low cost) - o último dia
O último dia foi aproveitado até ao fim.
Após o check out no hotel e já de bagagem a tiracolo, apanhámos o metro e o RER para Versailles (a viagem foi agradavelmente barata: de Mairie de Clichy a Versailles, cada bilhete custa 3,65 €).
Chegámos a Versailles ao mesmo tempo da neve. Os flocos brincaram connosco até à entrada no palácio. Fazia frio como o raio mas a neve foi uma alegria!
O bilhete de acesso total (palácio, jardins, trianons e cavalariça) custa 20,00 € mas é grátis para os jovens da UE até aos 26 anos.
Os cacifos para guardar os sacos também são grátis.
O audio-guia é grátis e muito completo. Se lá forem, não se esqueçam de o pedir!
Na hora de comer, saiam do palácio e vão até à vila (podem voltar a entrar sem problema, basta mostrar o bilhete). Há muita variedade de restaurantes, para todos os preços. No palácio, apenas há uma restaurante gourmet, com preços incompatíveis para uma viagem low cost).
Apesar do palácio ter uma ala fechada para obras de conservação, penso que é uma visita obrigatória para quem vai a Paris! A sumptuosidade da construção e dos ornamentos deixa-nos perplexos.
O audio-guia vai-nos dando a conhecer alguns pormenores curiosos da vida da corte.
O rei-sol, por exemplo, tinha o quarto voltado para nascente (só podia ser) mas não se deitava nem acordava sozinho: havia toda uma cerimónia do deitar e acordar do rei que lhe enchia o quarto de gente. A ceia também era uma mini-espectáculo digno do Big Brother: a família real comia numa mesa enquanto a corte se sentava em plateia a observar e a comentar cada gesto do soberano. Quem disse que vida de rei era fácil?
A imensa Galeria dos Espelhos (na época, os espelhos eram um luxo raro) é, de facto, um exemplo impressionante do esplendor real, pelo que não admira que seja o ícone do Palácio.
Mas a Galeria das Batalhas, com uma impressionante colecção de pinturas alusivas às grandes vitórias francesas não impressiona de somenos. Aqui aprende-se rapidamente os principais factos históricos franceses, frente aos quadros em tamanho XL (o audio-guia é o nosso melhor amigo nesta sala).
E os jardins?
Reconheço que na Primavera, com os canteiros floridos, a paisagem deva ser soberba. Mas o passeio entre os lagos gelados, que mais parecem forrados a porcelana fina, não deixa de ser mágico.
E o jardim é enorme! A perder de vista!
Existe uma comboio que faz o percurso mas o preço não é low cost e optámos por andar a pé.
Com a neve a acompanhar-nos.
Está frio mas não sentimos. A adrenalina de querer ver tudo com o tempo contado (temos um avião para apanhar ainda hoje) distrai-nos da temperatura.
Só conseguimos chegar ao pequeno Trianon.
O Petit Trianon é um palácio construído no século XVIII pelo Rei Luis XV para a sua amante, a Madame Pompadour.
Mas, após a subida ao trono, Luis XVI ofereceu-o à sua esposa, Maria Antonieta, e parece que passou a ser o seu local preferido. À volta, construiu um jardim privado e o Templo do Amor, erigido em mármore com a figura de Eros, o deus grego do Amor, ao centro.
Eram horas de regressar. Comprámos a viagem de RER para o aeroporto Charles de Gaulle (13,10 €) e com alguns sobressaltos pelo caminho (a estação de ligação do RER está fechada para obras e tivemos que ir de metro para outra estação), lá chegámos.
Na viagem, alguém se apercebeu das notícias do massacre na Síria.
O meu filho interrompeu, com aquela voz que lhe sai do coração:
- E nós aqui a passear em Paris!
Tivemos que lhe explicar que o problema da Síria não é pobreza económica e o nosso (pouco) dinheiro não evitaria a guerra.
Afinal, com uma frase, regressei ao mundo real bem antes de chegar a Lisboa!
O conto de fadas acabara aqui.