Afinal, o que aprendemos com a crise?
Conversa na caixa do supermercado, onde por acaso toda a gente se conhece:
Cliente 1:
- Então, isto nunca mais tem sossego, não? Este ano o pessoal de férias nunca mais acaba.
Operadora:
- Nem me fales. Estive a reforçar o Algarve mas as pessoas este ano não diminuem.
Cliente 1:
- Ora, este ano não tiveram de comprar livros e têm mais dinheiro para gastar. Têm é de o gastar que não podem ficar com ele!
Eu:
- Pois é, mais o dinheiro que passaram a poupar nos passes!
E isto vem de encontro ao que eu tenho vindo a pensar, com muita apreensão:
O que aprendemos com a crise?
O que alterámos no comportamento colectivo para evitar uma nova catástrofe económica e social?
Pouca coisa, concluo eu.
Há uns tempos, senti-me chocada ao ouvir na rádio um anúncio de um banco - banco mesmo, não entidade de crédito - a oferecer empréstimos para férias… isto não deveria ser proibido tal como as bebidas alcoólicas? Não foi o crédito fácil para aquisição de bens supérfluos responsável pela insolvência de tantas famílias?
E a poupança?
Está a ser prioridade para nos proteger em dificuldades futuras?
Tenho muitas dúvidas. A observação do comportamento humano tem demonstrado que somos dotados de mecanismos de superação para ultrapassar as catástrofes colectivas.
Há estudos sobre isso. Em povoações fixadas próximo de vulcões, por exemplo. Após as catástrofes, regressam ao mesmo local, acreditando que não voltará a acontecer.
Se calhar somos mesmo assim, o que pode explicar a repetição cíclica de crises económicas ao longo da história.
Somos tão bons a evoluir tecnologicamente mas tão maus a ajustar o nosso modo de vida!
Mas isto, sou só eu aqui a pensar…