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A 3ª face

Qui | 28.02.19

Ah, o dinheiro...e eu!

Ou como recusei um aumento de mais 1000 € mensaise78bb4ce520b14854a36d9b6c5c3195e.jpg

 

Nunca gostei de decidir a quente.

E nunca gostei de falar de coisas que me incomodam na fase da digestão.

 

Um destes dias, inesperadamente, ofereceram-me uma promoção no trabalho.

Mais responsabilidade, poder, quase mais 1000 € ilíquidos por mês.

 

Depois de passar alguns anos "arrumada na prateleira da despensa", passei a bestial.

A mesma pessoa que me colocou com todo o jeitinho na prateleira, de repente acordou e concluiu que  sou a pessoa ideal para um cargo importante na minha empresa.

 

Estranho... devo ser mesmo boa!

De um dia para o outro, as minhas competências revelaram-se indispensáveis. Logo na fase em que, em relação ao que fazia anteriormente, ganho para coçar a micose.

 

Mais mil euros por mês!

Eu, que vivo a poupar tostões, de repente, tenho a oportunidade de um aumento milionário!

Com impacto na progressão da carreira e na reforma. Um prémio para o resto da vida!

No primeiro mês, consigo arranjar o carro. No outros 3, pagar as obras em casa para resolver as infiltrações no telhado... depois, finalmente, uma viagem...

 

E eu, que não gosto de decidir a quente, disse que NÃO antes da conversa terminar.

Porque a dúvida nem aqueceu!

 

Os meus valores não estão à venda!

A minha noção de integridade e de respeito pelo outro não está em promoção.

Ser paga para servir de troféu de caça, de bode expiatório e de espanta-pardais não me seduz.

 

Não é este o exemplo que quero transmitir aos meus filhos.

E por isso, enquanto eles não passarem fome, eu faço rapidamente a digestão deste tipo de convites e...

estou-me a cagar!

 

Há coisas que o dinheiro não compra. Sobretudo aquilo que não tem preço e que eu não quero vender.

 

É estranho, mas passado todo este tempo, não me consigo arrepender!

Pobre mas honrado, lá dizia o alentejano!

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