Ah, o dinheiro...e eu!
Ou como recusei um aumento de mais 1000 € mensais
Nunca gostei de decidir a quente.
E nunca gostei de falar de coisas que me incomodam na fase da digestão.
Um destes dias, inesperadamente, ofereceram-me uma promoção no trabalho.
Mais responsabilidade, poder, quase mais 1000 € ilíquidos por mês.
Depois de passar alguns anos "arrumada na prateleira da despensa", passei a bestial.
A mesma pessoa que me colocou com todo o jeitinho na prateleira, de repente acordou e concluiu que sou a pessoa ideal para um cargo importante na minha empresa.
Estranho... devo ser mesmo boa!
De um dia para o outro, as minhas competências revelaram-se indispensáveis. Logo na fase em que, em relação ao que fazia anteriormente, ganho para coçar a micose.
Mais mil euros por mês!
Eu, que vivo a poupar tostões, de repente, tenho a oportunidade de um aumento milionário!
Com impacto na progressão da carreira e na reforma. Um prémio para o resto da vida!
No primeiro mês, consigo arranjar o carro. No outros 3, pagar as obras em casa para resolver as infiltrações no telhado... depois, finalmente, uma viagem...
E eu, que não gosto de decidir a quente, disse que NÃO antes da conversa terminar.
Porque a dúvida nem aqueceu!
Os meus valores não estão à venda!
A minha noção de integridade e de respeito pelo outro não está em promoção.
Ser paga para servir de troféu de caça, de bode expiatório e de espanta-pardais não me seduz.
Não é este o exemplo que quero transmitir aos meus filhos.
E por isso, enquanto eles não passarem fome, eu faço rapidamente a digestão deste tipo de convites e...
estou-me a cagar!
Há coisas que o dinheiro não compra. Sobretudo aquilo que não tem preço e que eu não quero vender.
É estranho, mas passado todo este tempo, não me consigo arrepender!
Pobre mas honrado, lá dizia o alentejano!