Aos professores, em final de mais um ano lectivo
A terminar o ano lectivo, entre exames para corrigir, greves por terminar e lugares para concorrer, as escolas esvaziaram-se.
Os corredores estão em silêncio e nas salas, pode escutar-se o eco das vossas vozes cansadas.
As férias estão quase aí, senhores professores.
Foi um ano duro, como sempre.
À exigência da profissão, soma-se, muitas vezes, o desgaste físico de quem faz dezenas ou centenas de quilómetros. Todos os dias.
Depois é o fantasma da avaliação.
Ou a ansiedade de conseguir um lugar no quadro.
Ou o elástico da conta bancária, que tem que ficar muito esticadinho para conseguir pagar as contas da família e do quarto arrendado, onde se trabalha.
No meio de tantas preocupações, não é difícil esquecer os alunos.
E fazer do ensino uma rotina entre toques e trocas de chaves. Como quem aperta parafusos numa linha de montagem.
Mas deixem-me fazer-vos uma pequena pergunta:
de que professores se recordam?
de quais guardam memórias?
Eu estava aqui a pensar naqueles que recordo dos 20 anos em que estudei...
e consigo visualizar perfeitamente:
- aqueles muito maus, com distúrbios do foro da psiquiatria, pela antítese da imagem social que eu tinha de um professor;
- aqueles que me ensinaram a explorar as minhas capacidades, os desafiantes que me obrigaram a ir mais longe e que me trataram como uma filha.
Porque, de facto, a matéria nós esquecemos.
O que fica é a relação emocional que nos facilita (ou não) a aprendizagem.
É a paixão de ensinar que captamos nas entrelinhas dos verbos ou numa equação matemática.
E se me perguntarem o que é um bom professor, eu repito que
é aquele que ensina sem o aluno dar por isso!
É o que transforma a aprendizagem em prazer e não em obrigação!
É aquele que ajuda um aluno a crescer, em qualquer idade!
Àqueles que passaram pela minha vida e deixaram marcas boas;
Àqueles que estão a passar pela vida dos meus filhos e os ajudam a crescer como pessoas, apenas uma palavra:
OBRIGADA!