As eleições e a magia
E prontos! Só daqui a 4 anos é que voltamos a ter tanto pagode no nosso Portugal profundo.
A poeira assentou, os resultados emergiram para o bem de poucos e para o mal de muitos e eu, que acredito que o saber não ocupa lugar, retenho 3 grandes lições:
1º) Os vencedores continuam a ser aqueles que, por questões de higiene, lavaram as mãos e evitaram qualquer contacto com as urnas: podem assobiar para o lado e culpar os outros pelas más escolhas, até ao dia em que lhes começar a chover em cima.
Embora o "partido abstencionista" tenha diminuído - em 2013 foi de 47,4% e no dia 1 desceu para 44% -, o peso a nível nacional só pode demonstrar a descrença na nossa classe política;
2º) As eleições autárquicas são imprescindíveis para gerar emprego nas terras mais pequenas: encostam-se uns, que até podem ser competentes mas ficam sem fazer nada (mas que s'a lixe, o dinheiro dos vencimentos não sai dos bolsos dos eleitos) e admitem-se outros, cheios de qualidades e energia (pelo menos são bons a bater palmas nos comícios e a acenar bandeiras);
3º) Os eleitores portugueses já interiorizaram que uma das condições para ser bom político é saber "desviar qualquer coisinha para a conta bancária particular". É sinal de inteligência!
Só assim se compreende as declarações sensatas de alguns munícipes de Oeiras, entrevistados pelo Sensivelmente Idiota (ainda não viram? Acedam aqui)
De facto, em Portugal, para se ser bom Autarca, não é preciso mérito, honestidade, defesa dos interesses da terra acima dos proveitos particulares. O que mais importa é o espectáculo, as luzes, os aplausos.
Afinal, as eleições são como um concurso de magia: mesmo sabendo que são apenas truques, ganham aqueles que melhor sabem iludir a audiência...