Cara de sapo
Há pessoas que merecem críticas porque não conseguem descalçar os seus sapatos para enfiar os do outro.
São desprovidas daquela capacidade psicológica de tentar sentir o que o outro sente numa determinada situação. Empatia, para darmos nome a esta competência pessoal.
Pois eu, se mereço críticas, é pelo oposto. Tenho uma tendência quase obsessiva para calçar os sapatinhos dos outros. Compreender. Não julgar. Tolerar.
Mas não fico por aqui.
Às vezes, encarno mesmo o papel.
Há duas décadas atrás, um amigo ria desalmadamente quando me via dar de comer à minha filha.
Cada vez que eu levava a colher à sua boquinha, abria a boca e mastigava.
Eu (e também ela)!
A sorte é que na altura não existiam telemóveis com câmara e não há registos.
Lembrei-me disto ontem à noite, enquanto respondia aos comentários que me deixaram no blog.
Acrescentei a alguns, uns emojis do Sapo.
E às tantas apercebi-me de que estava a fazer a expressão facial dos sapinhos que seleccionava.
De modos que, entre outras coisas, também tenho cara de sapo.