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A 3ª face

Ter | 09.10.18

Desafio da escrita - dia 9: branco

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Adiantou o almoço para os 8 filhos, que quando voltasse possivelmente já era hora da janta.

O marido acabara de martelar os últimos pregos.

 Chamou os filhos e, à volta da cama, rezaram um Pai Nosso e fizeram o Sinal da Cruz.

Depois, o seu homem e os filhos mais velhos, colocaram a avó dentro do caixão improvisado e carregaram-no para cima da carroça.

Saiu à porta do monte, preparada para a jornada.

O calor alentejano já se fazia sentir. Tinha 10 quilómetros para fazer.

Antes de subir para a carroça do feitor, a quem pedira ajuda para levar a mãe a enterrar no cemitério da vila, colheu um lírio branco.

A carroça, puxada por 2 burros, apenas tinha lugar para o condutor. 

Partiram os três. O feitor, ela e o corpo da sua velhota.

E os 8 filhos ficaram a olhar até a perderem no horizonte, sentada em cima do caixão da avó, com o lírio branco na mão.

 

 

O lírio branco é ficção.

A história é a do funeral da minha bisavó materna, relatada pela minha mãe.

Era assim o Alentejo, há 70 anos atrás.

 

Texto inserido no Desafio da escrita

Palavra do dia 9: branco

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