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A 3ª face

Qua | 12.09.18

Destaques que geram os melhores comentários

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 Hoje abro a minha página favorita da Internet e recebo uma surpresa do Sapo.

O meu post sobre o custo dos universitários foi destacado. 

Um tema controverso, que gera muitas opiniões opostas.

Todas correctas, deixem-me esclarecer.

Cada caso é um caso, cada família e pessoa gere as suas opções. Da melhor maneira ou não, isso é já será discutível.

Mas são exactamente as reacções a estes assuntos que nos enriquecem e contribuem para a nossa aprendizagem, enquanto pessoas.

E que nos inspiram.

Provavelmente, muitos de vós serão como eu, que não costumam ler a área dos comentários, sobretudo quando são muitos.

Por isso, transcrevo aqui um comentário ao post destacado, que me encheu o coração.

A Desalinhada face à impossibilidade de continuar os estudos quando terminou o secundário, não desistiu.

Lutou pelos seus sonhos, deu o melhor de si e conseguiu:

Se me permites, vou deixar a minha experiência pessoal em relação à faculdade. 
Há uns bons anos atrás, com duas filhas em idade universitária, os meus pais com muito custo não conseguiram suportar os custos da universidade e não foi possível para nenhuma de nós ir estudar. Mas enquanto a minha irmã ficou revoltada mas nunca mais agarrou no sonho, eu estive a trabalhar 5 anos em empregos que me deram algum dinheiro para conseguir estudar. 
Entrei na faculdade com 23 anos, em regime pós-laboral, continuei a trabalhar 9 horas por dia (nem sequer era a part-time, era a full-time e com várias horas extra), acabei o curso em 3 anos, com a melhor média do ano, e passado 2 meses de ter terminado a licenciatura tive uma proposta de emprego na área com um salário acima da média. Ainda não tenho 30 anos e tirei a sorte grande na área profissional. (ou foi trabalho?)
Compensou os 3 anos em que não tinha um tostão na carteira, e o que ganhava era para propinas e viagens. (nunca tive bolsa porque morava com os meus pais)

A ideia de que trabalhar e estudar é incompatível com boas notas é errada. É preciso dedicação, muito sacrifício e definir prioridades. É cansativo? É muito. Mas compensa. Mas para mim nunca fez sentido esperar que os meus pais pagassem a faculdade aos filhos todos, quando somos todos tão próximos de idade. E apesar de ter sido a mais velha do ano lectivo e dos meus colegas de faculdade, ter entrado na faculdade com 23 fez-me viver aquilo com outra maturidade. 

Concordo a 100 % com os custos absurdos de estudar na universidade. No entanto, só acho que as famílias têm que pensar (e provavelmente mudar) a maneira como se vai para universidade em Portugal. Será que faz sentido como se faz agora de forma tradicional?

Obrigada Desalinhada, pelo testemunho.

Sinto-me tão, mas tão orgulhosa por ter recebido este comentário que o facto de ter tido um destaque passou para segundo plano.

Que inspire muitos de nós a não desistir no primeiro obstáculo.

 

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