E assim é Natal
Quando eu percebi o que era o Natal, vivia numa casa com uma grande chaminé.
Daquelas antigas, com bancada onde se colocava o fogão e as botijas por baixo.
Na véspera, antes de dormir, colocava o meu minúsculo sapatinho ao lado do fogão.
O Menino Jesus (na altura acho que o Pai Natal ainda não tinha sido importado da Lapónia), durante a noite, passaria por lá e deixaria alguns embrulhos.
De manhã era a alegria total! Tanto papel para rasgar!
Os meus filhos já não esperaram pela manhã. Aliás, a chaminé era demasiado estreita para alguém passar. Mesmo o menino do presépio.
O Pai Natal batia à porta, entrava com um saco e desaparecia a seguir, enquanto o meu marido estava na casa-de-banho. Coitado! Todos os anos perdia a oportunidade de cumprimentar o Pai Natal.
Agora as crianças estão crescidas. O Natal perdeu algum encanto. Mas a família continua a reunir-se à mesa. Estamos todos.
Ainda.
Com saúde.
Sei que para alguns de vós, que me estão a ler, o Natal vai ser mais triste.
Há doenças que não tiram férias no final do ano. Há cadeiras ocupadas pela saudade.
Há reviravoltas na vida que nos roubam a vontade de celebrar o Natal.
Mas há boas recordações.
E há a esperança de um futuro, com que vale a pena sonhar.
Que sejam esses sonhos realizados a melhor prenda de Natal.
Pelo menos são os meus desejos.
FELIZ NATAL!