E depois da chuva?
Fonte: Correio da Manhã
Hoje, acordámos com a porta do inferno já encostada. A água abafou as chamas, misturou a fuligem com a terra queimada e deu tréguas aos guerreiros no campo de batalha.
Para mim, não me pareceram gotas de chuva. Foram lágrimas que um país inteiro derramou pelos mortos, pelos feridos em agonia, pelas famílias consumidas pela dor.
Que se apaguem os fogos mas não se extinga a nossa revolta, o nosso clamor por medidas que evitem mais tragédias. De nada resolvem 3 dias de bandeiras a meia-haste, de cada vez.
Este Verão, Portugal mudou definitivamente a paisagem e não voltará a ser o mesmo. Acho que todos já percebemos que, pese embora se possam prejudicar alguns interessezinhos económicos, está na altura de ter coragem para mudar tudo: a política florestal, as estratégias de prevenção e de actuação e as penas legais para os doidinhos que dizimam florestas e populações. Porque nós merecemos ser protegidos e, acima de tudo, que nos defendam a vida. Caso contrário, para que nos serve o Estado?