...e eu fui
Oiçam-me em confissão.
Há quem reze todas as noites, antes de dormir.
Pois eu, há cerca de 3 meses que, quando me deito, faço uma promessa:
Amanhã começas a fazer exercício. Abres a aplicação no smartphone...são só 7 minutos por dia...
Descarrega o canal do Youtube que a tua filha te enviou...
Pega na cadela e vai caminhar...
Faz exercício de Yoga, ao menos isso!
Tu não precisas gastar dinheiro para te mexeres, caramba!
Ó poupadinha, que passas a vida a encontrar alternativas para não gastar dinheiro...mostra o que vales, moça d'um cabrão!
Vou sussurrar para que a vergonha não me engasgue:
tirando 3 ou 4 caminhadas, todos os dias encontro duzentas mil desculpas para adiar.
Não tenho tempo durante um dia inteiro.
De dia, de noite, de semana, ao fim-de-semana. Não arranjo tempo.
Claro que às vezes passo duas horas aqui no computador a escrever. Mas isso, afinal, é muito mais importante!
Claro que me mutilo com palavrões cada vez que me peso ou que a celulite das pernas me pisca o olho.
Ou que o botão das calças se encolhe quando o quero esticar.
Mas eu vou aguentando. Na batalha contra o tempo, eu tenho vencido.
E todavia, uma dor na perna esquerda continua a incomodar-me.
Era uma variz. Tirei-a.
Livrei-me de uma dor mas outra cá continua, sobretudo quando estou sentada muito tempo.
O médico diz que é impossível ser das veias.
Sugere que seja da anca ou coluna.
Eu teimo que não é dor nos ossos. É na carne.
No fundo, eu acredito que é um músculo ou tendão a atrofiar.
Há dois dias atrás, a dor perseguiu-me o dia inteiro e eu resolvi fugir dela.
Rendi-me ao facto de que terei de comprar a minha saúde.
As aulas de aeróbica recomeçaram...e eu fui.
Hoje, tenho a certeza que perdi a dor.
Aliás, na verdade perdi as duas pernas.
Alguém mas trocou por dois cepos que não dobram...
Sobretudo ao descer escadas (Ai...au...ai)