E o meu primeiro mercadinho de Natal, como correu?
Bem. E mal!
Pela primeira vez, participei num mercadinho de Natal que está a decorrer nos feriados e fins-de-semana do mês de Dezembro. Confesso que, na véspera, me sentia em pânico por não ter conseguido fazer nem metade das peças que tinha idealizado levar. Apesar dos serões que se prolongaram pela madrugada, demoro sempre mais tempo a terminar uma peça do que aquilo que o meu cronograma mental estipula.
Demoro tanto tempo a conjugar tecidos e nos pormenores dos acabamentos que o trabalho não rende. Mas, na verdade, costura criativa não rima com produção em série, pois não?
Passado o fim-de-semana, reconheço que adorei a experiência de contactar com o público, de responder a questões sobre os meus trabalhinhos, dos elogios, do convívio com os outros artesãos. E de ver algum retorno monetário do meu investimento, claro.
Mas também correu tão MAL!!!
Senti que cada peça que colocava num saco e entregava ao comprador era um pedacinho de mim que se afastava para sempre. E quando eram as minhas criações favoritas, então? Só tinha vontade de berrar: ”Ó, por favor! Não leve essa bolsa! Deixe ficar aqui este babete! Eu gosto tanto deles e não tenho mais nenhuns!”
Estou acostumada a fazer trabalhos por encomenda e como são as clientes a escolher exactamente aquilo que querem, nunca sinto que eles me pertencem. Agora, ver desaparecer miminhos que criei como se fossem para mim… é um misto de satisfação por apreciarem o que faço e de luto por os ver desaparecer.
Decididamente, não tenho perfil de vendedora nem de empresária. As minhas colegas dizem que os meus preços são tão baixos que mal dão para o material e não nasci com o dom de insistir para que me comprem qualquer coisa. Se pararem para ver e me elogiarem, já fico satisfeita.
Isto deve ser assim uma amostra daquilo que sentem os artistas plásticos e pintores quando vendem as suas obras. Mesmo que as repliquem, a primeira é sempre como um filho criado nas nossas entranhas.
Como eu agora os compreendo!