Em nome do Santo
Se têm amigos que celebram hoje o aniversário, provavelmente algum deles se chamará Pedro.
Como os que nasceram no dia 13 de Junho se chamam António.
Eu tenho dois primos, cujo segundo nome é Martinho. Adivinhem lá em que dia nasceram?
Homenagear o Santo do Dia é uma prática católica muito comum que chegou aos nossos tempos.
Acredito que esteja em desuso porque a possibilidade de conhecer o sexo do bebé antecipa a decisão sobre o seu nome.
Mas não é por aqui que quero ir.
Quem trabalha em Demografia Histórica e quer estudar a natalidade, confronta-se com um grande problema: a ausência dos registos de nascimento.
Até ao código de 1911, que obrigou ao registo civil de nascimentos, casamentos e óbitos, apenas nos conseguimos basear nas fontes paroquiais.
E essas, pelo menos nos séculos XVI a XVIII, apenas referem o dia do baptismo, omitindo a data de nascimento.
Ora quando eu andava na Faculdade, teimei em fazer um trabalho sobre o comportamento da fecundidade e da ilegitimidade num determinado grupo de população naqueles séculos.
A ausência destes dados "obrigou-me" a desenvolver um método para estimar a data dos nascimentos, recorrendo à onomástica: comparei exaustivamente os dias em que os Santos são celebrados e os nomes das crianças baptizadas nos dias subsequentes com esses nomes e que não são comuns no resto do ano.
Depois, calculei o período médio que medeia o nascimento e o baptismo para estimar a data provável do nascimento, já que o acto do baptismo tende a obedecer a um padrão social. Aliás, nos tempos em que a mortalidade infantil era elevada, os recém-nascidos recebiam esse sacramento nos primeiros dia de vida, como forma de garantir a entrada no reino dos céus.
Lembrei-me disto hoje, quando o meu Facebook me alertou para o aniversário de dois amigos Pedros.
Espero não vos ter maçado.
Parabéns a todos os Pedros!