Qui | 23.01.20
Fugir de si
Ela quis fugir de si.
Dos seus defeitos sem fim.
Das noites sem luz e dos dias sem horas.
Quis partir.
Soltar-se do corpo com dores e dos gestos sem rumo.
Do vazio da vida cheia e do nada que as mãos agarram.
Foi.
Mas depois voltou.
Descobriu que só as cobras seguem o caminho depois de largar a própria pele.
E até essas se confinam a rastejar.
Compreendeu que o futuro é um presente que só o passado pode oferecer.