Levantou-se o Carmo...com uma janela virada p'ro mar
Há alguns dias atrás, quis o destino que eu tivesse que ficar "pendurada" algumas horas lá para os lados do Carmo.
Sentei-me a ver a imensidão de turistas que por ali deambulavam.
Depois, um soldado da GNR fardado à moda antiga, despertou-me a curiosidade.
E foi assim que descobri que o quartel do Carmo tem uma exposição GRATUITA até ao final do mês, que cruza a história da GNR com a do Convento das Carmelitas e, inevitavelmente, com a História de Portugal.
Foi neste espaço, agora ocupado pela GNR que muitos eventos históricos se passaram.
A célebre expressão "Cai o Carmo e a Trindade", alude aos efeitos devastadores do terramoto de 1755, que transformou em ruínas grande parte deste convento.
D. Nuno Álvares Pereira recolheu-se aqui nos últimos anos da sua vida. Onde morreu e ficou sepultado.
São também estas paredes que contam grande parte da Revolução de 25 de Abril. Aliás, foi aqui que Marcello Caetano aguardou pacientemente a sua partida para o exílio.
E foi aqui que entraram talvez as únicas balas disparadas durante a revolução.
Poltrona onde Marcello Caetano aguardou a saída para o exílio
Mas a exposição pretende também retratar a evolução da GNR em todas as suas vertentes.
E em modo interactivo, que fará as delícias dos mais jovens. Podemos entrar numa mina de volfrâmio, explorada durante a 2ª Guerra Mundial ou numa trincheira da 1ª Grande Guerra, onde é possível ouvir os sons dos disparos.
Há ainda muitos tesouros históricos, desde porcelanas às partituras do hino nacional - A Portuguesa - e da Maria da Fonte, às espadas, ao relicário onde estiveram guardados os restos mortais de D. Nuno Álvares Pereira e à Imagem da Nossa Srª do Carmo, Padroeira da GNR.
Relicário onde estiveram os ossos do Condestável
Nª Srª do Carmo, padroeira da GNR
Tive a sensação de que o Carmo se levantou com 600 anos de história e se entranharam em mim. Relembrei e aprendi, com o apoio de legendas bem feitas e rigorosas.
Mas não acabei aqui. O quartel está aberto ao público e é possível continuarmos o percurso pelos imensos corredores que normalmente estão vedados aos civis.
Pelo que o meu pasmo continuou ao observar os painéis de azulejos que ladeiam esses corredores.
Continuo, quase com receio de estar a entrar por zonas proibidas mas os guardas incitam-me a subir a escadaria até à janela.
Vou até lá.
A janela é grande.
Já agora espreito...
E eis que Lisboa surge à minha frente, contrastando com um azul imenso do céu e do Tejo.
Eu sei que sustive a respiração com o impacto.
É esta a "janela virada p'ro mar"!
Não esperava aquela vista.
Só por ela, teria valido a pena entrar no edifício!
Lisboa é mágica. É menina e velhinha, com beleza que não desfalece.
A janela (e a exposição) vão fechar no final do mês.
Se não têm programa para o próximo fim-de-semana, é para lá que vos aconselho a ir.
Garanto-vos que vai valer a pena!
E visitei ainda as ruínas do Convento do Carmo mas esse espaço já não é segredo para ninguém.
Se querem uma experiência sensorial diferente, assistam ao espectáculo multimédia que aí decorre durante a noite.
Aliás, há um passatempo a decorrer que oferece bilhetes duplos (carreguem na foto para aceder)
E podem ver mais fotografias da minha visita aqui no facebook do blog.