Não é apenas uma flor
Tenho um verdadeiro tapete de flores no jardim.
Sem lhes ter dado muita atenção, abriram-se numa explosão de cor que fazem do meu terreno, por esta altura, uma tela digna de Monet.
Um destes dias, apercebi-me de uma flor solitária que nasceu num lugar improvável. Entre degraus, num recanto onde não costumo passar com frequência.
Onde não há terra, nem húmus.
Uma pequena semente que aproveitou uma fresta no cimento e se alimentou da humidade do Inverno e de alguns grãos de poeira.
Tive vontade de a arrancar, por me ir danificar (ainda mais) o pavimento.
Mas aquela, não é apenas uma flor.
É uma heroína que vingou num ambiente inóspito, onde seria improvável crescer e tornar-se bela.
A força do caule alimenta-se de dificuldades vencidas.
Corre-lhe por dentro a seiva da luta e da perseverança.
E, no meio da sua solidão, tornou-se, a meus olhos, sublime.
Entre milhares.
Há flores assim.
E também há pessoas assim.
E depois há o amor de mãe que rega, que protege mas não consegue mudar o chão onde se nasce.
Embora tanto o quisesse…