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A 3ª face

Qua | 13.01.21

Nunca desconfinei

 

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Às portas de um novo confinamento, o que vai mudar na minha vida?

Quase nada.

A nível profissional, e porque sou daquelas privilegiadas (e agradeço taaaanto por isso) que não terá o trabalho em risco, aguardo directrizes. Provavelmente continuarei com horários desfasados. Ou turnos semanais… pouco importa.

 

A nível pessoal, a vidinha vai correr igual, desde que o sr. Corona se instalou em Portugal. Trabalho – casa - compras esporádicas no supermercado - desinfectar compras.

Desde Março, bebi café num estabelecimento uma única vez, enquanto aguardava uma consulta médica.

Almocei num restaurante (esplanada) também uma vez única, quando fui a uma consulta a Lisboa e não resisti (com muito stress à mistura) a matar saudades de duas pessoas que amo.

Esqueci que os centros comerciais existiam (mas visitava-os tão poucas vezes que foi fácil).

Eventos sociais: resumidos a dois funerais de familiares muito próximos.

 

Agora que penso nisso, concluo que nunca desconfinei, pelo que não me fará grande diferença voltar a este estado.

 

O que me faz mesmo diferença é viver com este medo permanente, sem previsão do dia em que poderei falar livremente com amigos e abraçar quem precisa de conforto.

 Mas depois…depois penso que é graças a este comportamento (que a minha família partilha) que nos temos mantido protegidos.

 Até aqui. Porque agora já não sei, ninguém está seguro.

 

E vem a revolta. Contra muitos daqueles que contribuíram para o grave estado em que nos encontramos: aqueles que replicaram festas e festinhas de Natal e de Ano Novo…que se passearam por aí sem cuidados…que se organizaram em grandes grupos, alugaram espaços de turismo rural e  conviveram como se o Mundo acabasse no dia seguinte. Talvez por causa destes, o mundo acabou mesmo alguns dias depois para outros...

Agora confinamos todos. Menos a centena e meia que agora nos vai deixando diariamente.

Teremos lata para voltar a bater palmas à janela em forma de agradecimento aos profissionais de saúde???

 

Eu, cá por mim, prefiro esconder a cabeça debaixo da almofada, por vergonha alheia!

 

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