O dia em que 229 pessoas decidiram sobre o dever de Viver
Como já era expectável, a despenalização da Eutanásia não passou na Assembleia da República.
A maioria dos nossos deputados decidiu por nós.
Por aqueles que se encontram em sofrimento extremo e por qualquer um que possa vir, a qualquer momento, a debater-se com o sofrimento físico e psíquico extremo de um estado terminal.
Não se trata do direito à morte, na minha opinião.
Esse direito, por muito que o quiséssemos dispensar, é-nos concedido à nascença, de modo vitalício.
Trata-se de impor um dever. O dever de viver quando os órgãos falham, quando os pulmões não recebem ar, quando a morfina não acalma as dores. Quando os médicos reconhecem que não há mesmo nada a fazer. E quando o próprio pede, em consciência, para se libertar do corpo...
Se isto não é tirania, que nome lhe havemos de dar?
Há uma década atrás, fizemos um referendo para decidir do direito à vida de embriões, sem consciência de que existem.
Porque não podemos fazer agora uma referendo para decidir do direito à morte daqueles que imploram por isso?
Ao menos, que sejamos todos nós, possíveis doentes a pedir para morrer, a decidir se o queremos fazer com dignidade ou suportar os últimos dias em tortura, imposta pelo nosso próprio corpo.
Sim, eu sou a favor do referendo!