O pai Marcelo
Num país em cinzas, devastado pelos fogos, pela incompetência e pela revolta, o que sobra de Portugal? Quando a fé e a segurança se esgotam, o que resta de nós?
Portugal nada mais é, neste momento, que uma criança assustada e perdida, a precisar de colo e orientação.
Obrigada, pai Marcelo. Porque, ontem, voltaste a cumprir o teu papel parental: afagaste-nos na nossa dor, aconchegaste-nos com a tua voz comovida, não desculpaste os erros graves de alguns filhos, ralhaste, deixaste ameaças firmes no ar, exigiste mudanças.
Foste pedagogicamente correcto. Demonstraste ser um pai presente, que abraça mas que não perdoa o mau comportamento. Disseste o que todos sentimos, sem meias palavras ou subterfúgios. Porque um pai, quando é preciso, também tem que ser duro e autoritário.
E, sinceramente, era isto que precisávamos, enquanto nação, para voltar a acreditar no dia de amanhã.
Neste momento, tenho muita vergonha do meu Governo, incapaz de nos defender o direito mais básico: a vida. Mas sinto um orgulho incomensurável nos heróis anónimos que durante estes meses têm combatido os milhares de incêndios e em Marcelo Rebelo de Sousa, que mais do que uma figura de Estado, se revelou um verdadeiro pai.
Obrigada!