Outono em Agosto
No Alentejo, o calor vai dando tréguas. O crepúsculo liberta uma brisa agradável, que me convidou a uma caminhada solitária.
Gosto de caminhar sozinha.
Os passos silenciosos ajudam-me a arrumar as ideias, a libertar preocupações, a encontrar-me no caminho.
As minhas caminhadas solitárias levam-me invariavelmente a um ponto alto da cidade, onde contemplo a beleza do sítio onde vivo.
Lá em baixo está tudo verde, tudo calmo.
O sol despede-se em tons rubros, fazendo-me agradecer esta paz.
Eu sei que lá mais a sul está o Inferno e que lá, a cortina de fumo tapou demasiado cedo este mesmo Sol.
Mas eu não quero pensar em Monchique. Por razões pessoais, eu não quero que o pôr do Sol me leve lá.
Continuo a caminhada.
O Verão entardeceu e já é Outono.
Pelo menos é o que as folhas secas que cobrem o chão me sussurram.
Ou foi do calor extremo que as secou demasiado cedo ou é da tristeza, por vislumbrarem, lá de cima, a agonia do Algarve.