Quem se veste de ruim pano, veste-se duas vezes por ano (a poupança em ditados #9)
O que eu mais gosto nos ditados populares, é que são intemporais.
Podemos contextualizá-los no tempo mas a mensagem central continua lá.
Quem se vestia de ruim pano, no passado, era quem recorria a tecidos de qualidade inferior para fazer (ou mandar fazer) a sua roupa.
Poupava de imediato no custo do tecido mas, numa altura em que a roupa deveria durar uma vida e ser herdada pelos irmãos, não seria a opção mais acertada.
E nos dias de hoje?
Em que temos acesso a roupa “demasiado barata” que nos permite comprar, por atacado, uma t-shirt de cada cor para cada dia da semana?
Hoje, o ruim pano tem outro nome e outra finalidade: fast fashion!
O consumismo e a ânsia de andar na moda incentivam a indústria a encontrar soluções para roupa barata e quase descartável. Não interessa a resistência a muitas lavagens já que, no ano seguinte, provavelmente estará demodè.
Comprar este tipo de roupa é barato mas não se traduz em poupança real.
Claro que no meio daquelas peças que não voltaremos a enfiar no ano seguinte, existem algumas que valem a pena. Cujo algodão é de qualidade superior ou, pelo corte e padrão mais clássicos, poderão ser usadas nos anos seguintes.
Com isto, não estou a ser extremista e achar que a moda não deveria existir!
Defendo é que se opte por roupa versátil, que possa ser usada vários anos sem que nos envergonhemos.
E que, com muito orgulho, tenhamos a noção de que estamos a reduzir o desperdício.
O post é sobre poupança mas não resisto em alertar, mais uma vez, para o custo ambiental e social da fast fashion.
Sabemos quem produz a nossa roupa? Não terá sido uma criança de 8 anos no Bangladesh?
Que emissões de carbono foram emitidas?
Que quantidade de água foi gasta para a produzir?
Estima-se que as peças fast fashion são utilizadas menos de cinco vezes e geram 400% mais emissões de carbono do que peças comuns, que são utilizadas 50 vezes.
Para além de estimularem o “trabalho escravo”, sobretudo nos países asiáticos.
Pequenas questões a ponderar, na próxima vez que entrarmos no provador…