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A 3ª face

Qua | 03.01.18

Resposta à Gorduchita e a todas as mães que não têm tempo para elas próprias

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Respondo à Gorduchita porque os seus desejos para 2018 fizeram-me regressar no tempo. Talvez porque, hoje, o meu filho mais novo faz 15 anos e eu estou mais sensível! A mais velha está a 100 km de casa, na Faculdade.

O primeiro desejo da Gorduchita é ”Conseguir tirar mais tempo para mim, sem me sentir culpada".

 

Aqui, é meia-noite e escrevo com todo o tempo do mundo!

Há 20, há 10 ou há 5 anos atrás, nunca teria tempo para colocar o portátil em cima do colo, sentada na cama e concentrar-me para escrever.

Hoje, especialmente hoje, sinto-me um pouco saudosa das noites mal dormidas, em que tinha um pedaço de amor a dormir em cima da minha barriga. Em que a esta hora, adormecia sentada e exausta enquanto dava de mamar. Foi a época em que o meu maior desejo era tomar um duche descansada…ou sentar-me na sanita sem ter alguém a saltar-me para o colo… como te entendo! Ser mãe é a maior felicidade do mundo mas, por vezes, o cansaço faz-nos sentir as mais desgraçadas desta vida!

Não tenho dúvidas, com o distanciamento destes anos, que o melhor que dei (e que ainda dou) aos meus filhos foi o meu tempo!  O tempo em que brincámos, em que aprendemos a ser mãe e filhos e em que lhes transmiti os valores que os tornaram duas pessoas maravilhosas, de quem me posso orgulhar!

Mas também é importante que nós, mães, não nos esqueçamos de ser pessoas. É fundamental que não nos foquemos exclusivamente nos filhos, secando tudo o resto à nossa volta. Isso não é bom para nós nem para eles, que se tornarão pequenos tiranos e adultos egoístas.

Ter algum tempo para nós é a pausa que evita o esgotamento. Ou a expiração que permite que voltemos a inspirar o oxigénio que nos dá vida. E, para eles, também é importante que comecem a perceber que há mundo para além dos pais. Que podem sobreviver sem o nosso cheiro, durante umas horas. Aqui não há culpas, Gorduchitas deste mundo! É uma necessidade homeostática, que nos devolve o equilíbrio!

 

Saibam, na primeira pessoa,  que esta fase passa tão rapidamente, que daqui a nada vão sentir a nostalgia do tempo em que não tinham tempo. Há que aproveitá-la ao máximo, mas que não nos pese a consciência por também sermos filhas, amigas, amantes, companheiras, colegas. E desculpem-me porque hoje estou “em modo mãe”. Mas feliz.

 

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