Sobre Levar e Deixar Voar
Ainda me lembro do primeiro dia em que levei o meu filho à ama.
Ia frente a mim, coladinho ao meu peito, talvez demasiado apertado pela saudade das horas seguintes. (Não fosse já estar vacinada da mana, e os olhos voltariam a ficar inchados por tanta água transbordada).
Depois, ao fim de três anos, fomos lado a lado, enquanto saltitou os degraus da pré-escola. Levei-o de mãos dadas e acho que foi ele que me amparou no embate desta nova fase.
E num ápice, já estava eu à sua frente, no passeio da escola primária, carregando-lhe a mochila enquanto ele, logo atrás, ia brincando com os amigos (isto de levar quase todos os colegas da pré pra o 1º ciclo é uma dádiva das terras pequenas).
Hoje, estou a levá-lo de novo.
Sinto-o a pairar a cima de mim, como se fosse um balão apenas preso por um fio bem fino.
Vou deixá-lo à porta do Meo Sudoeste, entregue a si e aos amigos.
Desta vez não entro (será que me deixam ficar 6 dias agarrada à rede?)
Um dia ela voa, sempre soube.
O dia chegou depressa demais.
Mas estou aqui para o levar e vê-lo voar.