Surpreende-te com o que consegues fazer!
Esta semana, uma das minhas melhores amigas faz anos.
Estou aqui a pensar o que lhe irei oferecer...
Mas é melhor começar primeiro por relembrar o que já lhe ofereci... não vá repetir alguma coisa!
Por isso, foi inevitável percorrer os últimos anos da minha vida. Tanta coisa mudou!
Sempre gostei de lavores (parece que a palavra caiu em desuso, não foi?)
Aprendi bem cedo a fazer crochet. Por teimosia, porque a minha mãe convenceu-me que eu nunca iria aprender (afinal ela é que não me conseguiu ensinar).
Com 8 anos decidi, por minha iniciativa, aprender a bordar durante as férias.
Ainda uso, na cesta do pão, o meu primeiro trabalho.
Depois aprendi tricot com a minha mãe mas ela só sabe os pontos básicos e não fui além de umas luvas, perneiras e algumas camisolas simples.
Quis aprender a costurar. Com muita insegurança, ainda fiz um saco do pão, que continuo a usar e já mostrei aqui.
Mas, desta vez, a minha mãe convenceu-me mesmo de que não tinha jeitinho nenhum. E, de facto, era muito difícil coser a direito! Pouco depois a máquina avariou e acabou-se a costura.
Já maior, ainda fiz algumas peças para o enxoval, principalmente em ponto cruz e renda.
Mas a faculdade, o amor, e um admirável mundo novo, cheio de amigos e coisas giras, chamaram-me para outros interesses.
Comecei a trabalhar e a ganhar dinheiro e é sempre mais fácil comprar aquilo que gostamos, seja para nós, seja para oferecer...
Depois de casar, ainda comprei uma máquina de costura mas ficou em casa da minha mãe e era ela que me desenrascava as bainhas das calças e pequenos arranjos.
Vieram os filhos e pouca coisa criei com as minhas mãos.
Da primeira vez, a barriga cresceu-me em paralelo com uma tese de mestrado e não havia tempo livre.
Com o segundo filho, já somos mães a tempo inteiro e não é fácil ter hobbies.
Mas por volta de 2013, a crise caiu-nos em cima e o nosso rendimento diminuiu bastante, lembram-se?
O desemprego aumentou, ficámos sem os vencimentos suplementares e, mesmo na função pública, o vínculo deixou de estar garantido.
Foi preciso mudar comportamentos e travar gastos.
E eu, que sempre adorei oferecer presentes, fiquei sem orçamento para continuar a mimar as (muitas) pessoas de quem gostava.
Um dia, decidi comprar dois pedaços de tecido para experimentar fazer umas capas para cadernos, que se tornaram moda.
Treinei a costura a direito, depois o zig-zag. Experimentei moldes, descosi quando ficou torto...
E fui-me entusiasmando. E ganhando segurança e experiência.
A internet e o Google foram os meus melhores professores. Ainda são...
Em 2013, quando esta minha amiga fez anos, ofereci-lhe um presente feito por mim. Pela primeira vez!
Um caderno, uma bolsa para o telemóvel e outra para os lenços de papel.
Estamos em 2018 e muita coisa evoluiu.
Dos presentes oferecidos, começaram a surgir algumas encomendas.
Fui apurando os conhecimentos e as técnicas.
Apaixonando-me cada vez mais por tecido e fitinhas.
Cada encomenda diferente tornou-se um desafio que sempre consegui superar.
Em 2016, farta de perder tempo a bordar à mão e com uma avaria na máquina, investi o meu lucro desse ano numa máquina de função dupla: coser e bordar.
Mas, pelo menos, mantenho a minha paixão com orçamento autónomo.
Já participei em alguns mercadinhos de artesanato.
Abri actividade nas Finanças, passo factura.
Uma das últimas encomendas foi um conjunto para um pequeno pirata: Uma mochila (tive que fazer o molde), uma capa para o boletim de vacinas e uma bolsa para a higiene oral (com mini-toalha a condizer).
Se, em 2012, me dissessem que iria conseguir fazer isto, a barrigada de rir que eu não iria apanhar!