O tempo passa mas as memórias têm o condão de permanecerem paradas. Suspensas por cima da nossa idade, da nossa vivência que corre. As férias em Maiorca. Fomos lá várias vezes e ficarão para sempre como boas recordações. Os dias na praia, a nadar entre os peixinhos. Os passeios. As aventuras em família. Foi aí que falhei pela primeira vez como mãe. Prometi jogar ao peixinho e adormeci sentada na cadeira da varanda, com as cartas na mão... Ao serão, a grande (...)
Nem todos os nascimentos têm tempo para grandes emoções. Alguns poderiam ser argumentos de um filme cómico sobre maternidade. E o teu foi mais ou menos assim. Pedi que não nascesses no Natal nem no Ano Novo. Imagino que deve ser triste para uma criança não ser o rei da sua festa. E ter de dividi-la com o Menino Jesus ou com um ano novo qualquer, que ainda por cima nunca é o mesmo. Há 16 anos, a passagem de ano foi na nossa casa. Fartámo-nos de trabalhar. Preparar o (...)
Olinda está acordada há mais de meia hora. Chamou por duas vezes pela ajudante de lar que, a essa hora, já a deveria ter ajudado a vestir. Os seus 93 anos pesam-lhe os movimentos e ela não tem tempo. É hora do pequeno-almoço e, na outra ala do lar, o seu filho deve estar preocupado com a demora. Ali é a sua casa há mais de 8 anos. Dos dois. Quando o filho, aos 60 anos, teve o AVC que lhe matou o lado direito do corpo e o emudeceu, foi ela que passou a prestar-lhe todos os (...)
Filho adolescente... Quinze anos e meio de gente... Férias... Já tinha explicado que o meu filho se transformou em morcego durante as férias. Pois continua. Ele até se tem esforçado por acertar os sonos mas diz que não consegue. Adormece quando o Sol nasce. Acorda quando a Lua pede licença para aparecer. Eu, que até sou uma mãe tranquila, já teria desistido de me chatear. (...)
A minha filha, que está a estudar em Lisboa, mora perto da Faculdade e faz os seus percursos diários a pé: para as aulas, para o supermercado, para o ginásio... e durante o caminho telefona-me para "pôr a conversa em dia" e ter companhia durante o trajeto. Como podem calcular, são vários telefonemas por dia (que eu adoro, diga-se de passagem), ao ponto dos colegas “gozarem” com ela. Por isso, pelas vezes e pelo tempo em que estamos à conversa enquanto ela caminha, costumo (...)
Respondo à Gorduchita porque os seus desejos para 2018 fizeram-me regressar no tempo. Talvez porque, hoje, o meu filho mais novo faz 15 anos e eu estou mais sensível! A mais velha está a 100 km de casa, na Faculdade. O primeiro desejo da Gorduchita é ”Conseguir tirar mais tempo para mim, sem me sentir culpada". A (...)