Vai de retro, Carnaval!
Não gosto de ti, Carnaval. Mas respeito-te, tal como às pessoas que de ti gostam. E agradeço-te ter um dia extra, para trabalhar em casa.
Por isso, em vez de folia e corsos carnavalescos, tracei grandes planos para este fim-de-semana: começar o Sábado com uma caminhada em grupo, depois fazer o almoço e passar a tarde na máquina de costura para acabar uma encomenda e fazer sacos de tecido para compras a granel. Domingo seria dia de limpezas e de fazer doce de abóbora e detergente para a roupa!
Mas uma bruta constipação deixou-me com a garganta em forma de beringela e o nariz com um caudal maior do que a fonte de Monchique, para além de dores no corpinho.
Pelo que:
No Sábado arrastei-me para fazer uma sopa e tirar a loiça da máquina (apenas com uma mão, porque a outra estava com um lenço a servir de rolha no nariz). Fui colocando as chávenas lavadas na bancada e acabei por misturá-las com a chávena onde tinha o leite que estava a bebericar, acabando por levar também essa para o armário. Como me apercebi? Pelas pinturas abstratas que o leite fez no chão e nos armários da cozinha!
À hora do lanche fui fazer um chazinho e ao tirar a caneca, ela salta-me da mão (eu juro que não sei como!), bate num jarro de vidro e escaqueiram-se os dois!
Chega Domingo e continuamos igual. Mas a porra da constipação não há-de vencer e lá fiz almoço, detergente, lavei a cozinha, mudei as camas e carreguei com as roupas para a máquina! Com a trouxa gigante, não vi a esfregona, tropecei e espalhei um balde de água inteirinho no chão da cozinha!
Sei que te quiseste vingar de mim, Carnaval, mas eu sou uma mulher forte e só te quero dizer isto: VAI DE RETRO!
Amanhã hei-de ir trabalhar!